Destaques da Home | 19 de janeiro de 2022 11:50

Associação lamenta a morte do desembargador Antônio Izaías

Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu (1932-2022) | Foto: Brunno Dantas/TJ-RJ

A AMAERJ informa com pesar a morte do desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu, aos 89 anos. Magistrado, historiador e escritor, ele foi um memorialista do Judiciário fluminense e do Estado do Rio de Janeiro.

Nascido em Bom Jesus do Itabapoana, município no Norte Fluminense, Antônio Izaías formou-se em Direito na Universidade Católica de Petrópolis (UCP), em 1964. Atuou como professor naquela instituição de 1974 a 1991, ministrando as matérias de Direito Civil e Direito Penal. Foi secretário de governo da Prefeitura de Petrópolis em 1971 e 1972.

Antônio Izaías ingressou na Magistratura em 1972. Passou pelas Comarcas de Itaperuna, Laje do Muriaé, Santo Antônio de Pádua, Campos dos Goytacazes, Niterói e Petrópolis, até chegar ao Fórum da Capital em 1981. Foi titular da 23ª Vara Criminal, juiz-auxiliar da Corregedoria no biênio 1985-1986 e, depois, convocado para o extinto Tribunal de Alçada Criminal.

Em 1997, foi promovido a desembargador. No ano seguinte, passou a presidir a 8ª Câmara Criminal. Aposentou-se compulsoriamente em 2002.

O magistrado foi vice-presidente da Fundação Miguel de Cervantes – vinculada à Biblioteca Nacional -, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), da Associação de Amigos do Museu Nacional de Belas Artes (ABA), da Academia Petropolitana de Letras, da Société Internationale de Prophylaxie Criminelle (Paris, França) e da Comissão de Preservação da Memória Judiciária (Comemo), do Museu da Justiça. Foi agraciado com títulos e comendas, como a Medalha Tiradentes.

Antônio Izaías escreveu 15 livros, como “Palácios e Fóruns do Judiciário do Estado do Rio de Janeiro (história e iconografia)”, “O Judiciário fluminense no período republicano”, “O Judiciário Fluminense e suas comarcas capital”, “A morte de Koeler: a tragédia que abalou Petrópolis”, “A Colonização do Sudeste: a Prevalência Italiana”, “Quilombos em Petrópolis” e “Municípios e Topônimos fluminenses”.

Produziu, ainda, documentários cinematográficos, como “Ruínas de Macacu e do Convento São Boaventura” (1988), “O Quilombo de Paty do Alferes” (1988) e “O Retorno da Princesa” (2010).

No livro de crônicas “O que vi e ouvi”, lançado em 2017, apresentou 47 relatos bem-humorados colhidos durante sua trajetória como magistrado. Ele considerou importante eternizar alguns dos registros mais marcantes da carreira, com ênfase no lado alegre da vida.

“Há pessoas que mantêm um olhar mais otimista diante dos fatos, que valorizam o riso, não como forma de deboche, mas como a reação de quem enxerga um lado bom em tudo que acontece. Quando penso em tudo que vi e ouvi em décadas dedicadas à Magistratura, é sempre como muita alegria. Certamente passei momentos difíceis, mas mal me lembro deles. O que ocupa as minhas recordações são as histórias que me provocaram o riso e, ao decidir registrar passagens marcantes, optei por eternizar, em livro, aquelas que mais me causaram aprazimento”, afirmou ao site do TJ-RJ à época do lançamento.

Em 2020, Antônio Izaías perdeu a esposa, Maria da Penha Almeida Abreu, que tinha 85 anos. O desembargador faleceu nesta terça-feira (18), aos 89 anos. Ele deixa duas filhas.

Em entrevista ao Instituto dos Magistrados do Brasil (IMB), Antônio Izaías enfatizou o seu amor pelo Poder Judiciário.

“Agradeço muito ao Judiciário, que me deu todas as oportunidades da minha vida. Sempre olhei o Judiciário como a catedral dos meus sonhos. Se eu alcancei alguma coisa foi através do Judiciário. Não me arrependo de nada que fiz. Se tivesse que recomeçar tudo de novo, eu faria. O que fiz foi com prazer, com amor, com carinho. Quando fazemos desse modo, a gente se sente feliz.”