Brasil | 12 de junho de 2018 11:15

‘Alguém te diz o que você queria ouvir’, diz Cármen Lúcia sobre fake news

*Estadão

Ministra Cármen Lúcia participou do seminário seminário “30 anos sem Censura – A Constituição de 1988 e a liberdade de imprensa” | Foto: Gláucio Dettmar/Agência CNJ

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, disse nesta segunda-feira, 11, que as fake news (notícias falsas) podem não ser uma novidade, mas prosperam porque “alguém te diz o que você queria ouvir” e ouve, portanto, sem criticar. A ministra tratou do tema no encerramento do seminário “30 anos sem Censura – A Constituição de 1988 e a liberdade de imprensa”, realizado em Brasília.

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“Fake news pode não ser uma novidade, mas pra quem é do interior como eu, já deve ter visto algum mascate numa praça gritando e, eu digo tranquilamente, porque eu adoro uma praça e gente, pode ser essa aqui ou de Espinosa (cidade onde a ministra passou a infância), tem a mesma graça, ele vai gritando, ‘se aproxime, freguês amigo, que aqui tem uma planta que não deixa cair cabelo, não deixa cair alegria, não deixa cair sua esperança’. Deve ser fake news mesmo, porque minha esperança não depende de uma planta”, comentou a ministra.

Na avaliação de Cármen Lúcia, as pessoas tendem a querer que “alguém nos entregue aquilo que é a ilusão da segurança de alguma possibilidade concreta e imediata de ser feliz”.

“Talvez a fake news prospere porque alguém te diz o que você queria ouvir ou não precisa de pensar e ouve, portanto, sem criticar. E ai eu ponho a questão da liberdade mesmo, antes da liberdade de expressão, quem abre mão da sua liberdade não tem segurança, não tem capacidade crítica e está fadado ao efeito manada”, disse Cármen.

“Você deixa de ser o indivíduo, pelo qual tanto lutamos pela sua dignidade, e não há dignidade sem liberdade, para sermos apenas alguém que entra numa massa e, portanto, perde a sua individualidade que é a grande conquista da humanidade e do direito constitucional contemporâneo”, concluiu a ministra.

Fonte: Estadão