* Siro Darlan
A felicidade é um direito social previsto na Carta Magna, que garante as múltiplas formas de convívio de um povo com suas diferenças numa sociedade tolerante, aberta, pluralista, democrática e capaz de realizar os direitos humanos em suas diversas escalas e perspectivas: idosos, LGBT, população de rua, migrantes, jovens, crianças e adolescentes, portadores de deficiência, mulheres, negros, indígenas, etc.
O papa Francisco acaba de publicar um documento doutrinário denominado A alegria do Evangelho, em que trata de temas antes considerados polêmicos como a descentralização e democratização da Igreja, os divorciados, a ordenação de mulheres, a desigualdade, o capitalismo, a justiça social, o aborto, a eucaristia como Cristo a concebeu, não um prêmio para os justos mas um alimento regenerador para os fracos.
Numa sociedade com a marca de violência, da morte de inocentes, da negação do gozo, com a compulsão pelo consumo, a drogadição generalizada, o individualismo encapsulado, as formas de vida egoístas, o narcisismo midiático, a cultura dos extremos, o culto à forma e à superficialidade apontam para a urgente necessidade de renegociação de formas de interação social que apontem para caminhos de encontros e realização dos grupos familiares e sociais mais fraternos e respeitosos da dignidade da pessoa humana.
Como um líder genuíno, Francisco aponta os caminhos do diálogo entre os diferentes, rompe com o preconceito dos chamados príncipes da Igreja e criticando os sistemas políticos e econômicos que privilegiam o poder e a riqueza, patrocinando a miséria e a marginalização, volta às origens da doutrina de Cristo chamando à Igreja os apartados por suas diferenças, independentemente de sua cor, opção sexual, condição econômica ou estado civil.
*Siro Darlan Oliveira, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, é membro da Associação Juízes para a democracia. – sdarlan@tjrj.jus.br
Fonte: Jornal do Brasil