*ConJur
O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, defendeu na sexta-feira (30) que as audiências de custódia possam ser feitas por videoconferência enquanto durar a crise de Covid-19.
Durante o lançamento da Rede de Altos Estudos em Audiência de Custódia, o ministro reforçou a importância da Resolução CNJ 359/2020, que regulamentou as audiências de custódia remotas de forma excepcional. Ele ainda criticou a decisão do Congresso, que vetou essa possibilidade no último dia 19.
“Sabemos que o contato direto tem sido o causador da proliferação da pandemia, de sorte que nós, que estamos entrando na era da Justiça digital, estamos aperfeiçoando essas audiências (de custódia) à luz da segurança e saúde de todos os juízes, servidores, e demais atores que colaboram com esse direito, que é uma garantia fundamental de todo preso”, afirmou o ministro durante o encontro virtual.
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O presidente do CNJ ainda defendeu que as audiências sejam presenciais se não houver risco para os envolvidos. “Mas, havendo risco, o CNJ regulamentou a audiência por videoconferência estabelecendo uma série de cautelas contra qualquer abuso ou constrangimento ilegal, assegurando a garantia do devido processo legal”, pontuou.
Segundo Fux, a decisão dos parlamentares não levou em conta os cuidados e requisitos tomados pelo CNJ. “O preso seria filmado e periciado antes de entrar na audiência de custódia por videoconferência, contaria com a presença de advogado e do Ministério Público em uma sala, filmada, com uma câmera que captaria todo o ambiente”, ressaltou.
Para o ministro, a derrubada do Congresso pode servir para que advogados de presos perigosos entrem com pedidos de Habeas Corpus com base em falta de audiência de custódia: “Estamos profundamente indignados. Precisamos fazer um debate público para resolver essa questão. É muito melhor realizar as audiências de custódia por videoconferência do que não realizá-las”.
O presidente ainda mencionou a importância do programa Fazendo Justiça, do CNJ em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que estimula ações de garantia ao devido processo legal, respeito à integridade física e moral dos custodiados e combate à tortura. “Há presos no mundo inteiro e todos merecem a tutela de seus direitos fundamentais, consagrados em todas as cartas constitucionais do mundo.”, concluiu.