*O Globo
A Vara de Execuções Penais (VEP) suspendeu a autorização para o miliciano Juracy Alves Prudêncio, o Jura, trabalhar na prefeitura de Belford Roxo. O fato foi revelado pelo GLOBO na última segunda-feira. O ex-PM, que cumpre pena de 26 anos de prisão pelos crimes de associação criminosa e homicídio, havia sido nomeado diretor do Departamento de Ordem Pública do município da Baixada Fluminense. Jura está em regime semiaberto.
Na decisão que suspendeu as saídas do condenado da cadeia, o juiz da VEP Guilherme Schilling argumentou que há “forte indício de irregularidade no cumprimento do benefício”. Jura apresentou folhas de ponto para provar à Justiça que, de fato, trabalhava na prefeitura da Baixada. Segundo documentos que a defesa do ex-PM enviou à VEP, ele teria salário de R$ 3 mil.
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Já a prefeitura de Belford Roxo, procurada pelo GLOBO, assegurou que Jura “nunca tomou posse, ficando a nomeação sem efeito”. O município também afirmou que “nunca” lhe pagou salários. De acordo com a prefeitura, o ex-PM “cumpre voluntariamente expediente na parte administrativa atendendo às demandas do órgão”.
Candidato a vereador
Para apurar se o ex-PM, de fato, batia ponto, na Secretaria de Defesa Civil e Ordem Urbana, o juiz determinou a busca e apreensão de câmeras de segurança da sede do governo de Belford Roxo. Shilling também mandou que seja feita uma perícia grafotécnica nas folhas de ponto entregues à VEP pela defesa.
A relação entre Jura e a prefeitura de Belford Roxo, no entanto, é estreita. Em 2018, quando já cumpria a pena em regime semiaberto e supostamente estaria trabalhando na prefeitura, ele fez campanha para a mulher do prefeito da cidade, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho (MDB). Jura aparece em imagens publicadas em rede social entregando santinhos durante passeata de Daniela Moté de Souza Carneiro, a Daniela do Waguinho (MDB). Jura e a então candidata, que acabou eleita, posaram juntos para uma foto.
Em 2008, Jura foi candidato a vereador de Nova Iguaçu pelo Partido Republicano Progressista (PRP). Com 9.335 votos, ele não conseguiu se eleger. De acordo com a investigação, o ex-PM usou a estrutura da milícia para fazer sua campanha.