Judiciário na Mídia Hoje | 31 de outubro de 2018 17:19

Estudo mostra que, em 16 anos, quantidade de detentas no Brasil aumentou 700%

*G1

Mulher em corredor de penitenciária | Foto: Reprodução/ G1

Pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que, em 16 anos, o número de mulheres presas no Brasil disparou: cresceu cerca de 700% entre 2000 e 2016, segundo o Departamento Penitenciário Nacional, do Ministério da Justiça. O número coloca o Brasil, proporcionalmente, em terceiro lugar no ranking de países com a maior população carcerária feminina no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e Tailândia.

“Ultrapassa a China e ultrapassa a Rússia. No Rio de Janeiro, esse número também aumentou. Os dados que temos, que vão de janeiro de 2013 a março de 2018, mostram que houve um aumento de 20% no encarceramento de mulheres no estado”, informou a pesquisadora da FGV, Danielle Sanches.

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O crime que mais leva mulheres para a cadeia é o tráfico de drogas. No Estado do Rio, entre janeiro de 2013 e março de 2018, 52% das detentas respondiam por tráfico de drogas. Na maioria das vezes, elas acabavam presas quando ocupavam posições subalternas na cadeia do tráfico.

“O tráfico de drogas é atrativo para a mulher por ser um crime que pode ser praticado de qualquer lugar. Ela entrega um produto e recebe dinheiro, ou ela leva o produto de um lugar a outro. E ela pode fazer isso com filhos pequenos ou grávida. Para essas organizações criminosas, essas mulheres são descartáveis”, explicou Maíra Fernandes, vice-presidente da Associação Brasileira de Advogados Criminais e ex-presidente do Conselho Penitenciário do Rio de Janeiro.

“A maioria dessas mulheres que respondem por tráfico foi presa no transporte da droga – são as chamadas ‘mulas’. Elas não são grandes traficantes ou gerentes de morros e comunidades conhecidas. Também não atuam de maneira perigosa dentro do tráfico. Fazem parte de uma baixa hierarquia nesse mercado ilícito”, descreveu Danielle.

Depois do tráfico de drogas, os crimes que predominavam eram associação ao tráfico, roubo e furto. Entre as 32.987 presas que passaram pelo sistema penitenciário do Rio nesses últimos cinco anos, menos de 2,5 mil era acusadas de homicídio ou latrocínio.