* O Globo
Aulas sobre cidadania, comunicação e marketing pessoal, educação financeira e empreendedorismo fazem parte do curso que será oferecido a 25 jovens, com idade entre 17 e 24 anos, que vivem em abrigos ou estão em liberdade assistida ou semiliberdade no estado. O projeto é resultado de um convênio entre o Tribunal de Justiça do Rio e uma empresa do setor de saúde, a primeira a dar esse tipo de treinamento a adolescentes cadastrados na Central de Aprendizagem, da Corregedoria Geral da Justiça (CGJ). A intenção agora é buscar novos parceiros para ampliar a oferta de turmas.
A aula magna desse primeiro curso será nesta quarta-feira (22). Para o corregedor-geral de Justiça, desembargador Claudio de Mello Tavares, ela marca uma nova etapa da Central de Aprendizagem, criada ano passado.
“O jovem detido é levado a uma das varas da Infância e da Juventude. E o juiz responsável pelo caso inclui os dados dele na central, que é acessada por empresas que contratam aprendizes. Com o treinamento, aumentam as chances de os garotos conseguirem uma oportunidade. Isso aumenta a autoestima deles e evita que voltem a cometer infrações.”
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Para o desembargador, é fundamental que as empresas apoiem o projeto, pois jovens que cumprem medidas socioeducativas ainda são muito estigmatizados.
“Eles só precisam de uma oportunidade. Eu estive no Centro de Socioeducação Dom Bosco, na Ilha do Governador, e os jovens me pediram ajuda. Isso me emocionou e prometi que faria algo.”
Diretora-geral de Administração da CGJ, Alessandra Anátocles diz que 50 dos 1.210 jovens cadastrados na central já foram contratados por empresas. O número, apesar de ainda ser pequeno, é animador, diz ela.
“É fruto de um trabalho árduo. Por lei, as empresas deveriam reservar de 5% a 15% de suas vagas, de acordo com o número de empregados, para aprendizes (jovens de baixa renda ou que cumprem medidas socioeducativas), mas nem sempre isso ocorre”, disse a diretora-geral, acrescentando que os adolescentes costumam responder bem à oportunidade: “Eles querem mostrar à família que podem mudar de vida.”
Para Rosana, mãe de um dos jovens inscritos no curso que começa hoje, essa é a oportunidade de o filho voltar à antiga realidade:
“Os jovens precisam de oportunidade. Quando meu filho foi para o Dom Bosco, perguntaram de qual facção ele era. Eu disse que de nenhuma. Trabalho há 20 anos numa empresa e tenho curso superior, o pai dele é funcionário público, ele sempre estudou. Mas fez uma amizade com um jovem mais velho e se envolveu num assalto. Por sorte, foi pego logo de primeira. Ele está em semiaberto agora, já esteve em contato com as pessoas do curso e está animado. Com essa oportunidade, tudo voltará ao normal o mais rapidamente.”
Fonte: O Globo