Destaques Noticias | 23 de julho de 2018 18:12

Revista FÓRUM: País Basco, terra dos pintxos    

Espetinhos juntam azeitona, pimenta, tomate e enxovas | Foto: Divulgação

San Sebastian e Bilbao atraem turistas pela qualidade da gastronomia de balcão

POR SERGIO TORRES

Afugentados da espetacular Barcelona pela superlotação turística e pelo medo de uma ação terrorista, os visitantes estrangeiros têm buscado o País Basco como alternativa. Os destinos mais procurados são San Sebastian e Bilbao, os principais centros urbanos desta Comunidade Autônoma da Espanha. Além dos bairros históricos, dos museus, catedrais e da beleza natural, com praias e parques florestados, o País Basco proporciona ao turista o acesso a uma gastronomia única e barata, em que pescados, embutidos, frutos, hortaliças e derivados do leite combinam-se de forma harmônica.

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A partir dos problemas de Barcelona, o País Basco despontou como opção turística. O voo de Barcelona a San Sebastian dura meia hora. San Sebastian fica junto à fronteira com a França. De lá até Biarritz (principal cidade da Côte D’Azur francesa) são 50 km, percorridos de carro em pouco mais de 40 minutos. San Sebastian e Bilbao têm aeroportos conectados com as principais capitais europeias. Por trem, também se chega com facilidade.

Um dos componentes que diferencia o turismo no País Basco do de outras regiões espanholas é a gastronomia. É inegável que se come muito bem em qualquer lugar da Espanha, mas nas cidades bascas ficam alguns dos principais restaurantes do país. Com pratos inventivos, os restaurantes estrelados inovam nos ingredientes, criam combinações inusitadas, surpreendem os especialistas. Mas eles não estarão neste texto. Vamos falar dos pintxos.

O que são pintxos? Sobre uma fatia ou um pedaço de pão (francês ou integral), colocam-se frutos do mar, pastas, queijos, azeitonas, legumes, salames, presuntos, chouriços, frutas secas e frescas, conservas variadas, geleias. Tudo preso por um palito. São os pintxos clássicos.

Há também receitas sem pão. Azeitonas verdes e negras, pimentões vermelhos e amarelos, sardinhas, camarões, presuntos cru e cozido, morcelas e cebolas são espetadas no palito, em sequência, banhados em azeite e pimenta. E ainda pequenos sanduíches, com pães de hambúrguer ou de miga.

Também são considerados pintxos os croquetes de presunto, bacalhau, cogumelos e carne, iguais aos nossos bolinhos e componentes tradicionais da culinária espanhola.

No País Basco, a adoração pelos pintxos é conhecida como a “alta gastronomia em miniatura”. Os bares que os servem são milhares. Os pintxos ficam sobre os balcões. Basta apontar o que você quer comer que o atendente acomoda tudo em um prato. Quando há mesa livre, melhor ainda. Mas se não há, sem problemas. É normal comer de pé, junto ao mármore ou madeira do balcão. Para acompanhar, vinho branco ou tinto, cerveja e sidra, bebida bastante comum na Espanha.

No resto da Espanha, os tira-gostos são chamados de tapas. Costumam ser servidos gratuitamente nos bares, desde que o cliente peça uma bebida. Podem ser azeitonas, batatas, amendoins, castanhas, pedaços de fritada. A cada rodada de drinques, novas tapas são servidas.

Atenção: pintxo não é tapa. O bar cobra o pintxo, que é muito mais sofisticado do que uma batata portuguesa ensacada ou um punhado de amendoins salgados. Em Bilbao, há campeonatos de pintxos, disputados de maneira parecida com os nossos festivais de comida de botequim. Os bares e restaurantes esmeram-se nas receitas. A cada ano, surgem surpresas. O Bairro Antigo (Casco Viejo, em castelhano) de San Sebastian (Donostia, nome oficial da cidade na linguagem basca) é um paraíso para quem aprecia os pintxos. Os bares ficam praticamente um ao lado do outro. Para atrair a clientela, os cozinheiros montam combinações incríveis, cujos preços variam de 1,5 a 4 euros.

Também em Bilbao os pintxos são destaques absolutos. No Centro Histórico, uma visita obrigatória é ao Mercado da Ribera, que reúne bares, restaurantes, delis, mercadinhos, vinhotecas e docerias. Ao longo dos balcões, o visitante é apresentado a uma quantidade tal de opções de pintxos que se recomenda chegar ali com fome. Muita fome.

Ir a Bilbao e não conhecer o Museu Guggenheim e sua arquitetura exótica é uma pena. Ir a San Sebastian e não passear na orla da Praia das Conchas também é. Mas ir a Bilbao e San Sebastian e não comer os pintxos é bem mais do que uma pena. É indesculpável.

Barcelona, superlotação e terrorismo

Os dados mais recentes do governo da Espanha sobre a capital da Catalunha são impactantes. Barcelona registrou em 2017 a visita de ao menos 20 milhões de turistas estrangeiros. Nos fins de semana, as famosas Ramblas costumam receber, em média, 350 mil visitantes. Em dias úteis, 287 mil. As autoridades de turismo da cidade estimam que apenas mil destes frequentadores sejam habitantes.

 Já ocorreram episódios de animosidade entre moradores e visitantes. No ano passado, surgiu a campanha “Fora Turistas”, tal a irritação dos barcelonenses. Slogans como “todos os turistas são desgraçados” tornaram-se comuns nas pichações, sempre em inglês, para que todos entendam a frase.

Para piorar a situação, em agosto do ano passado um furgão conduzido por terrorista invadiu as Ramblas e atropelou 150 pessoas, quase todas turistas – 16 delas morreram. Um golpe duro na Espanha, que tem no turismo sua principal atividade econômica. Representa 11% do Produto Interno Bruto (PIB) e emprega 2,5 milhões de pessoas.

Veja aqui a íntegra da revista Fórum.