* O Globo
O diretor da unidade de São Cristóvão, do Colégio Pedro II, Bernardino Matos, foi preso nesta terça-feira (21), em flagrante, por determinação da juíza da Infância e da Juventude, Vanessa Cavalieri, por falso testemunho. O caso ocorreu em 2015, quando uma jovem de 12 anos sofreu por três vezes violência sexual e discriminação por parte de alunos, com idade entre 15 e 17 anos.
A direção da escola admitiu o caso, impediu que os agressores fossem matriculados em 2016, mas permitiu que concluíssem o ano e não informou ao Conselho Tutelar. Revoltados, pais de alunos encaminharam eles mesmos o caso ao conselho. Mas hoje, ao ser perguntado sobre o que ocorrera, Bernardino afirmou que só tinha conhecimento de que um aluno havia puxado o braço da vítima e afirmou que só tomou conhecimento da gravidade do caso na audiência desta terça.
No entanto, as outras testemunhas do caso, funcionários da escola, afirmaram que Bernardino sabia de tudo. A juíza então, determinou a prisão do diretor por falso testemunho. Em sua decisão, a magistrada afirmou ainda que ele mentiu para tentar isentar a instituição de responsabilidade no caso.
O diretor foi encaminhado para a 5ª DP (Centro), onde presta depoimento.
Na época, a Coordenadoria de Comunicação do Pedro II informou que os três estudantes haviam sido expulsos após terem feito um vídeo sexual com uma aluna e divulgado o material pela Internet. A escola informou ainda que a estudante teria consentido a gravação. Mães de estudantes do colégio, no entanto, desmentiram o consentimento.
Pelo menos oito mães foram à escola pedir providências contra os agressores. Em 12 de agosto, o grupo foi recebido pelo diretor Bernadino Matos e por outros funcionários administrativos. Em depoimento na Justiça, elas informaram que na ocasião a escola teria informado que isso não era problema delas e que a unidade tomaria apenas medidas pedagógicas para resolver o caso.
As denúncias só tiveram punição após o terceiro caso de abuso de X. vir à tona. Em setembro, o mesmo menino acusado de tentar abusar da jovem, a chamou para ir à Quinta da Boa Vista, e abusou dela. Um terceiro garoto filmou e divulgou no WhatsApp no dia 10 de setembro. Acuada, a menina não contou nada a seus pais, que só souberam dos fatos após a direção do Pedro II tomar conhecimento do vídeo.
Diante do escândalo, o reitor do Pedro II, professor Oscar Hallac, decidiu não renovar a matrícula dos rapazes envolvidos no caso.
Os alunos acusados de envolvimento no abuso sexual da colega de 12 anos se vangloriavam, na internet, de tirar a virgindade de meninas. O comportamento dos estudantes já havia sido analisado pela direção da escola e por uma comissão de pais. Na época, um grupo de familiares pediu que os jovens não fossem punidos com a expulsão do colégio.
O caso foi investigado pela Delegacia da Criança e Adolescente.
Fonte: O Globo