Artigos de Magistrados | 21 de janeiro de 2016 17:15

Gaia

Sidney Hartung Buarque

Chamou-se a atenção ao fato de que a ciência vem sustentando que a Terra na verdade é portadora de um equilíbrio tão sutil em seus elementos físico-químicos, como oxigênio e o carbono, que somente se encontra no ser vivo. E por este motivo há muito que se tem denominado a Terra como ser vivo, por isto chamada de Gaia. Esta moderna teoria tem funcionado de uma forma evolutiva da teoria tradicional que considerava a Terra um planeta morto com relativa e reduzida capacidade de abrigar a vida. Porém, contrariando todos os prognósticos, a vida se desenvolveu construindo seus moldes, seus ecossistemas vindo a causar a perpetuidade de sua própria existência. Desta maneira o meio ambiente foi se adaptando continuamente e funcionalmente como um processo cíclico que se renova.

Esta é uma visão da Terra como matéria, mas não se pode também deixar de lado uma outra visão da Terra como um ser mitológico que se destaca através de sua grandeza mística. Era considerada na mitologia grega como uma Deusa, símbolo sagrado da unidade de vida. Em excelente trabalho contido no site LenderBook- Gaia/mãe-terra: “Gaia é reverenciada como ‘Deusa mãe’, umas das primeiras divindades habita o Olimpo, geradora de todos os Deuses livre de nascimento ou destruição, de tempo e espaço, de forma ou condição.

“Gaia que foi a propiciadora dos sonhos e a protetora da fecundidade. Na mitologia grega gaia é a personificação da Terra como deusa. Segundo as crenças da Grécia mitológica, no principio havia um grande vazio chamado Caos, e todas as coisas estavam vinculadas, umas às outras. Sobre esta confusão reinava a Noite, e deles nasceram o Destino, sendo os deuses submetidos a eles e para vencer o silêncio e o vazio nasceu o Amor (Eros), produzindo um início de ordem. Com o nascimento do dia, apareceu a Terra, mãe universal. Surgiu do vazio eterno dançando e girando sobre si como se fosse uma esfera de rotação.

“Gaia foi uma das primeiras divindades a habitar o Olimpo, nasceu imediatamente depois do Caos. Tal como Caos, gaia possuía uma natureza forte e sem intervenção masculina gerou sozinha Urano (o Céu), as Montanhas e Mar. Foi dito que ela gerou Urano com o desejo de se unir a alguém semelhante a si mesma em natureza. Porque Gaia personifica a base onde se sustentam todas as coisas e Urano é então o abrigo dos deuses”.

Olha como o planeta Terra tem o poder de nos proporcionar, ao mesmo tempo uma visão cientifica e uma visão mística de sua existência. A ciência e a religiosidade se dão as mãos para contemplar e homenagear o nosso planeta. Que na verdade é o abrigo dos seres vivos. O texto a que nos referimos anteriormente tem o condão propiciar uma gratificante visão da criação da Terra. A visão que a mitologia grega faz apenas reforça essa capacidade que todos nós temos de trazermos para a realidade o que nos contempla a própria imaginação.

O texto bem relata que a figura da Deusa Gaia foi uma das primeiras representações divinas criadas pelos seres humanos. Na mitologia clássica personificava a origem do mundo o triunfo e ordenamento do cosmos frente ao caos, a propiciadora dos sonhos, a protetora da fecundidade e dos jovens. Religiões antigas cultuavam imagens femininas como sagradas por suas relações com a natureza e a fertilidade. Esse capitulo da mitologia em que Gaia aparece como primordial para a existência do próprio mundo atua na verdade como alicerce para demonstrar a importância do nosso planeta e de todos os meios para homenagear a sua existência. E retorna a mensagem de Gaia, como menciona o texto:

“Gaia impeliu o movimento da descoberta de si e da realização pessoal, pois esse movimento afasta-nos da agressão contra a natureza. Compreendemos agora porque as necessidades das pessoas e as do planeta coincidem: essas coincidências provem de que, em sua superior sabedoria, Gaia cria os primeiros a fim de satisfazer aos segundos! O que pensávamos ser uma aspiração individualista espontânea atende a um arranjo planetário. Somos apenas os instrumentos de Gaia e a volta a ética do desabrochar psicológico e espiritual foi deliberadamente desejado por ela”.

A excelência do texto que parcialmente transcrevemos é uma efetiva demonstração da força que une a natureza a imagem mística da Terra, o que na verdade é mais uma razão para cada vez mais respeitarmos e protegermos o nosso planeta.

Desembargador Sidney Hartung Buarque – Mestre em Direito Civil

Fonte: Monitor Mercantil