Mais de 50 policiais militares já foram presos, nesta quinta-feira (29), por integrarem um esquema de corrupção em São Gonçalo. Deflagrada nesta manhã, a megaoperação busca prender 96 PMs, 70 traficantes e outros criminosos. Maior da História, a ação é realizada por agentes da Polícia Civil, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP-RJ), e da Corregedoria da Polícia Militar. O Conselho Especial da Auditoria da Justiça Militar do Rio é presidido pela juíza-auditora Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros.
Os PMs serão indiciados por organização criminosa e corrupção passiva e os traficantes, por tráfico, organização criminosa e corrupção ativa. A ação, batizada “Calabar”, acontece no Rio e em cidades como Niterói, São Gonçalo, Maricá e outras na região metropolitana do Estado.
As equipes também cumprem cem mandados de busca e apreensão em batalhões e endereços residenciais. A maioria dos PMs investigados está nos batalhões de Niterói (12º BPM) e de São Gonçalo (7º BPM). O Batalhão de São Gonçalo já teve um comandante condenado pela morte da juíza Patrícia Acioli. O tenente-coronel Cláudio Luiz Silva Oliveira foi condenado a 36 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato da magistrada, em 2011.
R$ 1 milhão por mês
Os 96 PMs alvos da operação foram denunciados por participação em um esquema de cobrança de propina a traficantes que rendia cerca de R$ 1 milhão por mês aos militares. Alguns desses policiais ainda estão nas fileiras do efetivo do 7º BPM (São Gonçalo).
A investigação mostra que os PMs atuavam como “varejistas do crime” e chegavam a ofertar serviços diversos a traficantes. Por exemplo, os militares escoltavam os chamados “bondes” de criminosos de um local a outro, e até alugavam armas da corporação, incluindo fuzis, aos traficantes.
Há casos também, segundo a polícia, de sequestros de traficantes realizados pelos PMs. Nas escutas, os agentes identificaram que os militares chegavam a cobrar R$ 10 mil pelo resgate de bandidos.
Outra das conclusões do inquérito é que todas as semanas, de quinta-feira a domingo, as viaturas do batalhão circulavam por ruas de São Gonçalo exclusivamente para recolher o “arrego” que, no jargão, é a quantia paga por criminosos a policiais para não atrapalhar os negócios de bandidos. O valor cobrado pelos PMs variava entre R$ 1,5 mil e R$ 2,5 mil para cada equipe de policiais que estava de plantão.
(Com informações de G1, UOL e Folha de S.Paulo)
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