As informações jornalísticas e os vazamentos seletivos foram tema de palestra promovida pela AMAERJ, nesta segunda-feira (26), na Corregedoria. O presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Domingos Meirelles, afirmou que os vazamentos não ocorrem por equívoco. “Vazamentos seletivos não caem do céu, são fruto de um jogo de interesses, de uma operação muito bem articulada. O que devemos discutir é a quem interessa esse tipo de informação privilegiada. O interesse maior é da sociedade, de um grupo ou se destina a atingir um objetivo político pré-determinado?”
O jornalista lembrou de casos como Watergate, Dilma Rousseff e Lula, Reinaldo Azevedo e Andrea Neves, e Joesley Batista e Michel Temer. Para Meirelles, o vazamento é uma questão ligada ao Direito, que assombra a classe política e fascina a imprensa.
“Os vazamentos têm se revestido de um significado de relevância para a sociedade. É difícil manter determinada informação sob sigilo quando sua divulgação seria de interesse imediato. Tenho minhas dúvidas em relação a essa chamada relevância. O que é relevante? A imprensa não questiona muito, recebe isso com certa alegria e logo coloca na primeira página”, disse.
Sobre os erros cometidos pela imprensa, o jornalista destacou a chegada da internet e a sua rapidez como ponto de partida do fake news. “Essas informações que circulam no mundo digital são uma das tragédias do mundo moderno. Ninguém checa mais nada. A internet é um território sem controle, sem lei, onde as pessoas se utilizam do anonimato para ofender e promover todo o tipo de problemas a terceiros.”
O desembargador e jornalista Fernando Foch fez um paralelo entre o exercício da magistratura e do jornalismo. “Existem dois pilares da democracia: a Justiça distributiva e a imprensa. Sem cumplicidade, é preciso que nos entendamos mutuamente. A busca da verdade é um ponto comum entre juízes e jornalistas. Um pelo Estado e o outro pela sociedade, todos atuam em busca desse bem que é a verdade.”
A presidente da AMAERJ, Renata Gil, afirmou que o evento é uma oportunidade de o Judiciário discutir temas atuais relevantes. “Esse é o início de um novo momento da Associação, voltamos com as segundas culturais. Nosso objetivo é arejar o Judiciário com pautas da sociedade. Para o Judiciário ser bem compreendido, precisa ser bem conhecido. Vamos promover essa simbiose entre as instituições do poder público e da sociedade civil”, disse.