*O Globo
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, que acompanha hoje o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE, disse nesta quarta-feira (7) que não descarta concorrer à presidência da República, criticou a “falta de lideranças políticas” no país e defendeu a realização de eleições diretas caso o presidente Michel Temer seja cassado.
Ele contou ter sido sondado por dois partidos, mas ressaltou, em seguida, que hesita tomar a decisão de concorrer ao Planalto, sem, no entanto, afastar a possibilidade. As declarações foram dadas no Supremo após cerimônia de colocação de retrato na galeria de ex-presidentes da Corte:
“É uma decisão que cabe a mim, só que eu sou muito hesitante relação a isso. Sinceramente, não sei se decidirei positivamente nesse sentido.”
Apesar de demonstrar hesitação em relação à candidatura, Barbosa ressaltou, mais de uma vez, vantagens que ele teria se decidisse concorrer:
“Hoje eu tenho a meu favor a desvinculação com a função pública há três anos, o distanciamento necessário da função jurisdicional.”
Barbosa afirmou que conversou no ano passado com Marina Silva, da Rede, e mais recentemente com a direção nacional do PSB. Ele afirmou que foram diálogos genéricos:
“Nada concreto em termos de oferta de legenda para candidatura. Mesmo porque eu não sei se decidiria dar esse passo. Eu hesito.”
O ex-presidente do Supremo, que se notabilizou como relator do mensalão, processo que condenou integrantes do governo Lula e outros agentes por corrupção, disse que falta lideranças para fazer uma mudança constitucional prevendo eleições diretas no caso de Temer cair. Segundo ele, a medida devolveria o poder ao “povo”:
“Não vejo nenhum tabu em modificar a Constituição em uma situação emergencial como essa para se dar a palavra ao povo. Em democracia, isso é que é feito. Aliás, eu defendi essa tese já no ano passado quando a crise do governo Dilma se agudizou. Constitucionalmente, era viável, mas faltou liderança política no país. Atendeu-se ao interesses de grupos.”
Barbosa evocou a necessidade de “gente séria” na política do país para mudar a situação que ele classifica como “grave”:
“A falta dessa liderança política, de pessoas com desapego, realmente vinculadas ao interesse público, faz com que o país vá se desintegrando aos poucos. É o que está ocorrendo no Brasil por falta de lideranças políticas. Falta gente séria à frente dos assuntos de Estado.”
O ex-presidente do Supremo não economizou nas críticas ao Legislativo e Executivo. E alertou que o Juduciário precisa ter “vigilância redobrada sobre tudo o que se passa no país”:
“Nós passamos por momentos tempestuosos na vida política nacional em que visivelmente os dois poderes que representam a soberania popular, nossos representantes eleitos, não cumprem bem a sua missão constitucional. E cabe a essa Corte, como órgão de calibragem e moderação, ter uma vigilância redobrada sobre tudo o que se passa no país.”
Fonte: O Globo