POR PEDRO MARQUES
Canoa havaiana empodera e une adolescentes de favelas, vítimas de violência doméstica e pacientes em recuperação em projeto de Simone Ferraz
A igualdade de gênero no Brasil ainda está longe do ideal, e as mulheres continuam a enfrentar dificuldades e preconceitos em diversos setores. A violência doméstica é um problema crônico na sociedade, onde a cada 1h30 uma mulher é assassinada por um homem. Para combater esses graves problemas, a juíza Simone Ferraz (31ª Vara Criminal), diretora de Aperfeiçoamento Institucional da AMAERJ, criou há cinco meses o “Mulheres no Mar”.
O projeto oferece aulas de remo em canoa havaiana para mulheres na Praia de São Francisco, em Niterói. A iniciativa é voltada para três tipos de perfis femininos: adolescentes de 14 a 18 anos de comunidades carentes, vítimas de violência doméstica e pacientes que se recuperam de câncer de mama.
“O projeto nasceu da necessidade de ampliarmos a participação das mulheres no esporte, que é uma ferramenta para tirá-las da hipossuficiência e empoderá-las. Além das aulas, oferecemos reforço escolar e orientação jurídica sobre os direitos que elas têm”, explicou Simone.
A magistrada tem planos ambiciosos de crescimento para o “Mulheres no Mar”. “Ainda estamos em estado embrionário, com 50 pessoas e duas equipes de competição, nas categorias sênior-master (acima dos 50 anos) e master (acima dos 40 anos). Nosso planejamento é chegar a ao menos 20 turmas lotadas, atendendo adolescentes de comunidades do Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo.”
O projeto conta com um dos maiores nomes da canoa havaiana no mundo. Hexacampeão brasileiro, campeão sul-americano e vice-campeão mundial de canoagem havaiana, Dave Macknight é o responsável por ensinar as primeiras remadas às participantes. “É uma oportunidade de praticar um esporte que muito provavelmente elas nunca conheceriam. O remo nos faz superar limites todos os dias e ensina valores muito importantes.”
Uma das primeiras alunas do programa, Ivana Alcântara, de 56 anos, afirmou que o “Mulheres no Mar” prova que “existe vida fora dos nossos problemas”. “Aqui descobrimos que podemos ser o que quisermos.”