AMAERJ | 17 de abril de 2017 08:27

Revista FÓRUM: Magistratura unida

POR DIEGO CARVALHO

Cerca de 300 juízes, desembargadores e parentes confraternizaram no 1º Encontro Estadual de Magistrados, promovido pela AMAERJ, em Mangaratiba

A magistratura do Rio de Janeiro vive um novo tempo. Foi com essas palavras que a presidente da AMAERJ, Renata Gil, saudou os cerca de 300 magistrados e parentes associados presentes no 1º Encontro Estadual de Magistrados.

“Estamos em um momento histórico de união. Reunimos colegas do último e do penúltimo concurso, aposentados e juízes experientes. Tivemos como objetivo um momento de convivência. Atravessamos um período difícil, de batalhas que a magistratura enfrenta. Mas somente com a união de todos é que vamos conseguir passar por essa tormenta”, disse.

Por um momento, os magistrados puderam relaxar e curtir a companhia dos amigos, pais, marido, mulher e filhos. Em um fim de semana de março, no Portobello Resort & Safari, os gabinetes foram substituídos pela praia, o manuseio dos processos saiu de cena para a brincadeira com as crianças e o corre-corre nos corredores do fórum deu espaço para um contato mais próximo e tranquilo com os colegas.

Os associados agradeceram a oportunidade de confraternizar com os magistrados para unir e fortalecer a classe – feedback que mostra o sucesso do Encontro, verificado logo na abertura, com o bate-papo do navegador Amyr Klink.

Com histórias inspiradoras, ele falou sobre a decisão de ficar encalhado na Antártica, há 27 anos. Klink criou um barco para ficar preso sozinho, de propósito, na geleira por longos sete meses ‘sem vizinho chato e contas para pagar’. O planejamento deu certo, Klink chegou no local, em 1989, e apenas esperou o gelo tomar conta do mar e de sua embarcação. Preso e sem chances de voltar, descobriu qual seria a maior dificuldade da aventura.

“Imaginei que a pior coisa poderia ser o gelo, o frio ou a solidão. Mas o pior é a quantidade de coisas para fazer. A vida em sociedade é muito fácil. Lá, eu sempre tinha que fazer tudo: água, comida e faxina, o dia inteiro. Se demorasse muito, tudo congelava de novo. Fiquei sete meses encalhado na Antártica e não tinha tempo para fazer mais nada. Em qualquer lugar do mundo, teremos que fazer as mesmas coisas diariamente. Foi um ensinamento”, afirmou.

A paixão de Klink pelas navegações começou cedo. Amante do mar desde criança, quando morava em Paraty, ele leu no jornal a história de dois norte-americanos que planejaram cruzar o Atlântico a remo, mas morreram no percurso. O barco, no entanto, chegou corretamente no destino final, a Escócia. Surpreso, Klink nunca tirou a história da cabeça e começou a estudar rotas e criar embarcações.

Anos depois, o navegador foi o primeiro a atravessar o Atlântico Sul em um barco a remo – feito por ele próprio – entre a Namíbia e a Bahia. “O dia da chegada foi o mais feliz da minha vida. Chegaria vivo ou morto. Dá um baita medo, mas o ser humano gosta de medo. É um prazer indescritível cumprir uma meta”, disse ele, que perdeu 25kg nos 100 dias de viagem.

A partir de então, foram mais de 40 navegações para a Antártica, sem qualquer incidente. “Adorava ver fotos e sonhava conhecer o continente e os pinguins. Mas, o melhor é estar nas fotos. Fui 15 vezes sozinho, hoje vou com minha mulher e amigos. Em tempos de intolerância e egoísmo, continuo acreditando que sempre é melhor fazer o que gostamos junto de quem gostamos”, disse ele, citando um provérbio africano: ‘Se você quer ir rápido, vá sozinho. Se quiser ir longe, vá acompanhado’.”

Depois da conversa com os magistrados, Klink tirou dezenas de fotos, respondeu a perguntas e, agradecido, fez questão de levar para casa o banner do evento, com sua foto, como recordação. “Foi uma alegria participar do Encontro de Magistrados. Os juízes tem um papel preponderante de protagonismo para a democracia nacional.”

Pais e filhos em quadra

A confraternização entre os pais e filhos esportistas deu o tom do Torneio de Tênis da AMAERJ. O desembargador Gilberto Matos e o juiz Marcelo Oliveira da Silva (diretor de Esportes da AMAERJ) não esconderam a emoção e o orgulho em jogar com as filhas Gabriela Martins e Valentina da Silva.

“É um imenso prazer poder jogar com a minha filha. Comecei a jogar tênis para incentivar a minha filha Gabriela e também o meu filho Rafael a jogarem. É uma grande felicidade da minha vida notar que eles estão adorando e se dedicando ao tênis”, disse Gilberto Matos.

Depois de três horas de torneio, Marcelo Oliveira e a filha se classificaram para disputar a grande final, onde se sagraram vice-campeões. Também filha da juíza Helena Torres, Valentina é a 1ª colocada do ranking dos federados do Rio na categoria Infanto-Juvenil (13-14 anos). “Sinto muito orgulho. Minha filha é um doce de menina. É uma maravilha esse momento”, afirmou Marcelo.

Foi nesse clima familiar que 12 magistrados e parentes disputaram a competição, sob sol forte, nas quadras de saibro. As duplas mistas jogaram em sistema de todos contra todos. Os quatro melhores tenistas alcançaram a decisão. Com grande atuação, a dupla Pablo Lopes/Luiz Paulo Duarte conquistou o título ao derrotar Marcelo/Valentina por 6/1.

“O evento foi maravilhoso, uma oportunidade de reunir todo mundo e um estímulo para todos que gostam de praticar o esporte, ainda mais sendo campeão”, disse Pablo, marido da juíza Criscia Curty Lopes. Além do talento em quadra para conquistar o título, Pablo também se mostrou afortunado depois do torneio, quando foi o sorteado para ganhar um final de semana na Pousada Porto Imperial, em Paraty.

Depois da entrega dos troféus aos vencedores, em mais um momento descontraído, foram premiados os destaques dos jogos: Andréa Vitagliano (revelação), Alessandra D’Elia (mais esforçada), Adilson Freire (fair play), Gilberto Matos (mais competitivo), Gabriela Martins (melhor esquerda), Flávia Macedo (quase chegou lá – ficou em 5º lugar) e Renata Gil (melhor torcida).

“As associações nasceram dos eventos esportivos. O esporte tem como premissa congregar as pessoas e isso fez com que todos os juízes do Brasil se reunissem em prol de um bem comum, que é o interesse institucional. Esse é o momento de confraternização, de lazer, de se reunir com todos os juízes para que possamos falar de assuntos além do Direito, para que possamos estar juntos dos colegas e das famílias. É fundamental que esses encontros aconteçam”, disse Marcelo Oliveira.

Gilberto Matos também agradeceu pela inclusão do Torneio de Tênis na programação do Encontro. “Estar junto de grandes amigos nessa confraternização maravilhosa, independente do resultado, é muito legal. Gosto de estar envolvido e a AMAERJ incentiva muito a competição esportiva.”

Confraternização

Além da conversa com Amyr Klink, os juízes puderam descontrair em um torneio de tênis e nos shows musicais (DJ Cidinho e a banda Marcelo Freitas Voz e Violão). Os magistrados parabenizaram a AMAERJ pela organização do evento e pediram outras confraternizações.

“O Encontro foi maravilhoso. A iniciativa da presidência da AMAERJ, pela Renata Gil, foi fenomenal. Foi muito bom podermos nos reunir, conversar e trocar ideias. Espero que a AMAERJ tenha outros encontros como este”, afirmou a 1ª vice-presidente do TJ-RJ, Elisabete Filizzola.

O presidente da Mútua dos Magistrados, Antonio Jayme Boente, definiu o evento como muito produtivo. “Iniciativas como essa devem se repetir. Foi indescritível poder conhecer colegas novos, reencontrar os outros e rever os aposentados que aqui estiveram. Foi muito bom.”

Veja aqui a íntegra da revista FÓRUM.