Brasil | 17 de março de 2017 18:01

‘Basta uma noite no Congresso para a Lava-Jato cair por terra’, diz procurador

* O Globo

Foto: Agência O Globo / Amanda Audi

Em evento para marcar os três anos de Operação Lava-Jato nesta sexta-feira em Curitiba, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, coordenador da investigação, disse que a operação “chegou a um momento de culminância” e alertou a população sobre “órgãos que tentam impedi-la”. Segundo o procurador, “há tentativas de derrubar a Lava-Jato” e a população precisa ficar atenta a isso.

— A classe política tentou, no fim do ano passado, passar projetos de anistia, de responsabilização de procuradores (…). Temos boa parte do Legislativo e do Executivos contra a investigação. Temos órgãos que tentam impedi-la. É um momento de felicidade, mas um momento de muita tensão, de muito cuidados — disse Carlos Fernando. — Basta uma noite no Congresso Nacional que toda uma investigação pode cair por terra — alertou.

Na coletiva de imprensa realizada em Curitiba, o procurador da República Deltan Dellagnol aproveitou para criticar o “foro privilegiado sem paralelo no mundo” e dizer que a sociedade não pode colocar responsabilidade excessiva sobre o Judiciário. O procurador defendeu que é fundamental que as reformas ocorridas nos últimos três anos ultrapassem o Judiciário.

A cooperação internacional pautou a coletiva, que contou com a participação de Vladimir Aras, secretário de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República (PGR), e do representante da Unidade de Inteligência do Serious Fraud Office, do Reino Unido, Marc Brown, que elogiou os esforços da Lava-Jato.

Os procuradores ressaltaram a importância de a sociedade cobrar leis específicas de cooperação internacional no Brasil, em que elas são “esparsas” e “suscetíveis a brechas”.

Deltan disse que houve cooperação entre a Lava-Jato com mais de um quinto dos países do mundo nesses três anos e que foram repatriados o montante recorde de R$ 756,9 milhões de vários países nos últimos três anos — valor muito maior do que os R$ 45 milhões que haviam sido repatriados ao Brasil via acordos internacionais em toda a sua História.

— A Lava-jato significa um rompimento do ciclo de corrupção no país — disse Deltan, que disse não saber o que ainda mudou no país. — Ela é apenas um ponto fora da curva ou significa que o país vai trilhar em trilhos menos corruptos? — questionou.

Fonte: O Globo