* Folha de S.Paulo
A maioria dos deputados que são alvos da Lava-Jato e constam da delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho votaram para desfigurar o pacote anticorrupção, no último dia 29 de novembro, de maneira mais expressiva que o resto da Casa.
Levantamento da Folha analisou os votos individuais em 11 emendas e destaques que alteraram pontos importantes da proposta.
Considerando os votos registrados pelos 24 parlamentares contra os quais há inquéritos, 94% foram para desidratar as medidas.
Considerando a Câmara como um todo, 72,2% dos votos computados nos destaques desfiguraram o pacote.
Pontos derrubados visavam tornar a prescrição de crimes mais difícil, criar recompensa para quem denunciar crimes e facilitar a retirada de bens adquiridos com o crime, entre outras medidas.
Apontado como reação do Congresso à Lava Jato, o ponto que prevê a possibilidade de juízes e procuradores responderem por abuso de autoridade teve o apoio de 20 dos 23 deputados alvo que votaram. Apenas Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Afonso Hamm (PP-RS) e Jerônimo Goergen (PP-RS) foram contra a alteração. André Moura (PSC-SE) não registrou voto.
Como o texto pune condutas de caráter subjetivo, a força-tarefa da Lava-Jato aponta a emenda como tentativa de intimidar investigadores e magistrados que apuram o esquema de corrupção.
O PP é a legenda com o maior número de deputados investigados em inquéritos da Lava Jato –16 dos 24.
“Eu segui a orientação da bancada, é só isso o que eu tenho a dizer”, afirmou Eduardo da Fonte (PP-PE), um dos que optaram por todas as alterações das medidas.
DELATADOS
Participaram da apreciação do pacote 14 deputados que estão entre os citados na delação de Melo Filho.
Cinco deles –Daniel Almeida (PC do B-BA), Benito Gama (PTB-BA), Lucio Vieira Lima (PMDB-BA), Marco Maia (PT-RS) e Orlando Silva (PC do B-SP)– optaram pelo enfraquecimento das medidas anticorrupção em todas as votações de emendas e destaques analisadas pela Folha.
Fonte: Folha de S.Paulo