AMAERJ | 22 de novembro de 2016 12:12

Revista FÓRUM: Mão na roda

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POR DIEGO CARVALHO

Juízes e promotores promovem mutirão de ajuda ao meio ambiente e coletam até pneu de caminhão na Baía de Guanabara

No fim de julho, a Secretaria estadual do Ambiente do Rio de Janeiro anunciou que 12 embarcações de coleta de lixo flutuante, conhecidas como ecobarcos, recolhem cerca de 700 quilos de resíduos sólidos por dia na Baía de Guanabara, sede das competições de vela na Olimpíada 2016. Dias antes, em apenas duas horas, mais de 600 quilos de lixo foram coletados por 50 juízes e promotores de Justiça do Rio de Janeiro.

A manhã do sábado 9 de julho foi diferente para quem passou pelas areias de Niterói. A “1ª Remada Limpa”, ação voluntária de conscientização do meio ambiente com canoas havaianas, reuniu cerca de 500 pessoas nas praias de São Francisco e do Morcego, em Niterói, às margens da Baía.

Em 2015, uma análise da qualidade da água da Baía, encomendada pela Associated Press, encontrou níveis altos de vírus e bactérias de esgoto. A meta de reduzir em 80% o nível de poluição até a Olimpíada não foi cumprida pelo Governo do Estado.

Sob sol forte, membros do Judiciário e do Ministério Público e moradores da região tiveram um trabalho árduo. Latas, garrafas PET, galhos, embalagens, guimbas de cigarro, vidros, pedaços de isopor, grelhas para churrasco e até um pneu de caminhão foram encontrados no mutirão de limpeza. A mobilização foi promovida por AMAERJ e AMPERJ (Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro).

A presidente da AMAERJ, Renata Gil, disse que o objetivo do evento foi cumprido. “Mostramos que os juízes são envolvidos com as causas de cidadania do nosso Estado e que estão juntos da sociedade cada vez mais. Cada um pode fazer a sua parte, desde o descarte do lixo com a coleta seletiva até a limpeza da praia. Tivemos uma importante simbiose entre adultos e crianças, fundamental para a formação do nosso futuro. Fizemos questão de trabalhar com a rede municipal de Niterói e as escolas particulares, porque é fomentando desde a primeira idade essa conscientização que teremos um futuro melhor. Será a primeira de muitas outras ações”, afirmou.

A mobilização foi inspirada no “Projeto Limpeza na Praia”, do Instituto Ecológico Aqualung (IEA), com o objetivo de ressaltar a necessidade de proteção ao meio ambiente. Criado em 2004, o programa de educação ambiental busca diminuir as crescentes montanhas de resíduos produzidas pela sociedade moderna de consumo.

Magistrados e promotores coletaram lixo com cinco canoas havaianas do tipo OC6, em águas abrigadas, em duas baterias de remadas (de cinco quilômetros cada) até a Praia do Morcego, onde foi feita a limpeza da praia, com o recolhimento de lixo inorgânico. Mais de 300 alunos das redes pública e privada de ensino de Niterói também participaram do evento, que disponibilizou panfletos
de conscientização e tendas pela orla.

“Não é só uma questão ambiental, é uma demonstração de que todos estão imbuídos de um propósito cidadão, de defender o que é nosso, a nossa qualidade de vida. Precisamos impedir a poluição, que prejudica a saúde, a economia e o trabalho de muita gente. É uma demonstração importante de que juízes e promotores estão unidos com a sociedade em um ato de cidadania”, disse o presidente da AMPERJ, Luciano Mattos.

Para o promotor, o evento foi um sucesso. “A ideia foi difundir que não é um problema apenas do poder público, dos órgãos ambientais. É um problema que todos nós da sociedade temos de enfrentar. Precisamos contribuir cobrando, participando e nos engajando em campanhas como esta, de meio ambiente e de cidadania”.

A quantidade de lixo acabou sendo tão grande que não foi possível levar todo o material coletado na Praia do Morcego dentro das canoas havaianas. “Precisamos deixar um pouco de lixo para ser recolhido depois pela Prefeitura de Niterói. Temos um limite para a coleta e eles virão recolher o restante porque realmente não dá pra levar tudo”, disse o vice-campeão mundial de canoa havaiana Dave Macknight.

No fim do mutirão, os participantes foram premiados com medalhas em agradecimento ao cuidado com o meio ambiente. A ação teve apoio do Aqualung, da Natsu Mitsubishi, do Guarderya Paddle Services, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Niterói, da Secretaria Municipal de Educação de Niterói, da Fundação Municipal de Educação de Niterói, da Cidade das Tintas PPG, da Água de Niterói, do Bradesco e do 4º Grupamento Marítimo de Itaipu.

A “1ª Remada Limpa” teve destaque na imprensa. Os telejornais RJTV 1ª Edição e 2ª Edição, a Rádio CBN, a Rádio Band News FM e o jornal O Fluminense noticiaram o evento.

Toneladas de lixo

De acordo com Secretaria do Estado do Ambiente, os ecobarcos recolheram cerca de 21 toneladas de resíduos em junho. Entretanto o secretário do Ambiente, André Correa, disse que não é possível deixar a Baía de Guanabara em condições adequadas em menos de 25 anos. Ele afirmou que para resolver o despejo de esgoto na Baía seriam necessários mais R$ 20 bilhões para executar os planos municipais de saneamento, montante de que o governo não dispõe. Dados do governo do Estado, de 2015, mostram que apenas 49% do esgoto é tratado no entorno da Baía de Guanabara. Mais de 50 rios, que passam por 16 municípios, deságuam na Baía. Além do lixo, eles trazem 18,4 mil litros de esgoto por segundo.

A juíza e remadora Simone Ferraz comemorou o resultado da ação de coleta da AMAERJ, mas se disse preocupada com a poluição nas águas do Rio. “Fico muito feliz porque melhoramos o ambiente e mostramos que é necessária a conscientização. Por outro lado, fico triste porque, em pleno 2016, ainda há 600 quilos de lixo e até um pneu na praia! Por isso nos sentimos desafiados a continuar nesse projeto e estar com a sociedade, mostrando a força de juízes e promotores não só nas suas canetas e gabinetes, mas também interagindo.”

Leia aqui a íntegra da Revista FÓRUM.

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