* Gilberto Pinheiro

Os Jogos Olímpicos estão próximos, afinal, 2016 será o marco histórico em nosso país para estes fins e, o Rio de Janeiro, a cidade que concentrará as competições.  Grande preocupação à vista, afinal, a Baía de Guanabara continua muito poluída, inadequada para as competições em suas águas.  Mas, parece que tal fato não sendo considerado como algo  relevante e, por sua vez, preocupante,  pelas autoridades, inclusive, pelos  membros do COI, Comitê Olímpico Internacional que minimizam o problema.

A Baía de Guanabara é um ecossistema importante que vem sendo degradado com despejos de esgoto doméstico e resíduos industriais altamente poluentes, colocando em risco a vida da fauna marítima, em especial os golfinhos, hoje em número bastante reduzido.  Alude-se que nos anos 70 havia uma população em torno de quatrocentos destes cetáceos e mamíferos e hoje não passam de apenas trinta e sete.

São conhecidos popularmente como botos cinza e estão em risco permanente de desaparecerem em virtude da poluição nessas águas e são considerados, segundo pesquisadores e estudiosos,como os animais marítimos mais contaminados do mundo.   Afirmam ainda que se caso analisem o tecido adiposo, o sangue e a urina de boa parte dos botos cinza confirmarão tal veracidade dos fatos.

Recentemente, alguns remadores em treinamento na Baía, passaram muito mal em virtude da poluição.  Biólogos, estudiosos sobre meio ambiente já confirmaram que a poluição dessas águas é algo que demanda muita preocupação.  Não haverá tempo hábil para despoluí-la e o mundo inteiro verá esta aberração.

As autoridades brasileiras  precisam dar mais atenção ao meio ambiente, à preservação da fauna e flora em sua ampla diversidade.  Precisam ouvir os estudiosos e pesquisadores e tomar as providências indispensáveis à preservação da fauna marítima e preservação da saúde humana.  O pouco caso em relação à natureza não pode continuar.  A preservação da natureza precisa ser pauta e ordem do dia de todos os governantes, não apenas no Brasil mas em todo o restante do mundo.

Não é sensato a pouca atenção à natureza, o desprezo às manifestações de vida existentes que não sejam a humana e os tempos atuais exigem tais transformações.  Dar condições de sustentabilidade, preservar ecossistemas para futuras gerações é indispensável, criando políticas públicas em respeito aos biomas e ecossistemas inclusive marítimos, afinal, a natureza não pode continuar a ser agredida de forma contumaz por causa da ambição e desleixo.

Lamenta-se que em momentos difíceis que o Brasil atravessa, dê-se prioridade a jogos olímpicos gastando-se rios de dinheiro na construção de equipamentos esportivos e, possivelmente, realidades maquiadas serão mostradas ao mundo.  A Baía de Guanabara é cartão-postal do Rio de Janeiro. Lamenta-se o abandono, o pouco caso e a falta de interesse em preservá-la, pois o discurso é antigo sobre preservação e até agora o que se vê é apenas improvisação nas atitudes.   

Gilberto Pinheiro é jornalista, escritor e palestrante em escolas e universidades sobre a senciência dos animais