*Peterson Barroso Simão
Atravessando no catamarã todos os dias, observo a beleza do Cristo Redentor e me lembro das Horas Marianas, Salmo 66: “Deus se compadeça de nós e derrame sobre nós a sua benção; faça resplandecer sobre nós a luz do seu rosto e faça-nos sentir os efeitos da sua misericórdia…”
É preciso encontrar com Deus em todos os momentos para superarmos a chamada crise social e econômica que vem se concretizando. Pode ser pessimismo meu – e tomara que seja – e dou todo o meu modesto esforço para que isso não ocorra.
Mas, sinto a respeitável população insatisfeita. Problemas que jorram por todos os flancos. A violência que é a pior, tem nos deixado muito tristes e inseguros. As notícias sobre corrupção passaram a ser diárias. As concessionárias de serviços públicos são ineficientes como o sistema de saúde. A inflação atingindo índices expressivos. A recessão querendo entrar. As pessoas se desentendendo por nada, até mesmo por uma vaga de carro. O desrespeito com o cidadão é visto como normal.
Aproximadamente 300 anos A.C. os romanos começaram a se defrontar com questões de suprimento de água. Foram então planejando e construindo os seus famosos aquedutos, destinados ao transporte da água de pontos distantes. Hoje, tanto tempo depois, temos que nos preocupar com este imprescindível e sagrado abastecimento.
As greves, quando declaradas ilegais, atingem e prejudicam diretamente a todos. A instabilidade torna as pessoas nervosas e neste seguimento, o equilíbrio e a paciência se despedem.
A indústria da violência faz vítimas em segundos e não há tragédia pior do que ver uma mãe enterrando seu filho.
O instante vivencial implora por solidariedade. Não gostaria de provar um Château Lafite nem dirigir uma Ferrari. Conheço o sofrimento humano. Quero ter saúde para mim e para solidarizar-me com a dor do próximo.
O ser humano é frágil perante o Universo e, com os problemas emblemáticos que surgem, fica atormentado.
Para resolver tudo isso, além de cada cidadão ter que fazer a parte que lhe cabe nesta passagem efêmera pelo Planeta, necessário se faz a união, a harmonia, a paz, o respeito, o diálogo, a humildade, a fraternidade, o perdão (ou punição judicial rigorosa quando for o caso) e o amor. A esperança e a fé devem continuar habitando nosso interior.
O somatório destas forças positivas nos faria melhor ainda e mais felizes.
Se assim ocorrer um dia, poderei entrar nas barcas em Niterói vendo o Cristo de braços abertos e chegar ao Rio de Janeiro mais alegre, com Ele nos abraçando.
* Peterson Barroso Simão é desembargador do Tribunal de Justiça do Rio