Foi em 1996 a primeira vez que o mítico Kirov, hoje chamado Ballet do Teatro Mariinsky de São Petersburgo, esteve no Brasil. Com seus mais de 100 integrantes estava uma jovem bailarina, que encantou as plateias ao dançar “A morte do cisne”. Uliana Lopatkina estava no início do que se tornaria uma carreira superlativa. Em sua quinta visita ao Brasil, a companhia russa a traz de volta, em meio a um elenco de gigantes. A turnê, que começou na última quarta, no Teatro Municipal, fica até domingo, antes de seguir para São Paulo.
Passados 18 anos, Lopatkina dança no país em “O corsário” na récita de sábado, e em “A morte do cisne” na “Grande gala”, em espetáculo reservado a assinantes da Dell’Arte, no domingo, dia 16.
O Brasil ficou na memória de Lopatkina, exemplo da escola russa e da companhia famosa por criar bailarinas com fluidez de movimentos, linhas perfeitas e poder de elevação.
— Sem dúvida, aquele momento foi um marco na minha carreira. Para alguém que acaba de ser promovida a solista, a resposta do público brasileiro valeu muito mais do que a dos críticos. E por isso estou tão feliz de voltar. Estive aqui no início da minha carreira e retorno quando estou no meu ciclo de fechamento — disse ao GLOBO, por meio de um tradutor.
A bailarina empresta corpo à Medora, de “O corsário”, balé de destaque no vasto repertório do Kirov, e que a companhia já apresentou aqui em 2001. A coreografia contagia e é famosa por explorar os saltos de seus solistas masculinos. Ficaram eternizadas, nesta obra, performances vigorosas como as de Rudolf Nureyev e Mikhail Baryshnikov. O Kirov chega com 170 bailarinos, 40 técnicos e oito toneladas de cenários, figurinos e equipamentos.
Aos 41 anos, em forma, Lopatkina diz que ainda não pensa em aposentar as sapatilhas. E se diz feliz por dançar Medora, apesar de este ser um papel de uma menina doce e afetuosa, como ela mesma define. Ainda assim, a bailarina acredita que ele não foge ao seu perfil, mais talhado para personagens mais trágicas e de maior carga dramática.
— Esta é uma história de amor. Dançar este personagem é como ir ao encontro do sonho dessa mulher, por isso acho que funciona para mim — explica Lopatkina.
Lopatkina diz que não sabe se não sabe se ainda regressará aos palcos brasileiros.
— Não tenho planos de parar. Mas também não vou dançar por mais 100 anos.
Ou seja, em russo ou em bom português: é hora de aproveitar a chance.
“O corsário” e “Grande Gala”
Onde: Teatro Municipal – Praça Floriano s/n (23329191)
Quando: “O corsário”: sex., às 20h30m; sáb., às 21h. “Grande gala”: dom., 16h
Quanto: De R$ 150 a R$ 450
Fonte: O Globo