Como a mulher é retratada na mídia foi o tema das discussões desta segunda-feira, dia 4 de novembro, do seminário “A mulher, a mídia e o poder no Brasil: um olhar compartilhado”, realizado pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj). O evento reuniu magistrados do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), publicitários, jornalistas, advogados, representantes de movimentos femininos e estudantes.
O debate foi promovido pelos Fóruns Permanentes de Violência Doméstica, Familiar e de Gênero, presidido pela juíza Adriana Ramos de Mello; e de Direito à Informação e de Política de Comunicação Social do Poder Judiciário, presidido pelo desembargador Fernando Foch. Os magistrados abriram os debates, juntamente com o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, presidente da Comissão Mista de Comunicação Institucional do TJ-RJ.
Jacira de Melo, Luiz Fernando de Carvalho, Adriana Ramos, Fernando Foch e Nádia Rebouças
A primeira palestra foi realizada pela publicitária, pedagoga e especialista em Comunicação para Transformação, Nádia Rebouças. Ela falou sobre “A propaganda Publicitária e a Mulher: Quais são os limites éticos?”. Com longa experiência em agências de publicidade e no Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), a especialista disse que as mulheres brasileiras não estão devidamente retratadas na mídia. “Não podemos mudar nada neste país se não mudarmos a comunicação”, afirmou
Intitulada “A Mídia e as Mulheres no Poder: As Diferenças como Desigualdades”, a segunda palestra foi proferida pela diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Vieira de Melo. Ela apresentou pesquisa realizada em maio deste ano, em 100 municípios do Brasil, sobre a representação das mulheres nas propagandas de TV. Para 56% dos entrevistados, a publicidade na mídia televisiva não retrata a mulher da vida real; 62% afirmaram que a TV não mostra que, além de esposa e mãe, a mulher trabalha e estuda; 35% consideraram que a mulher não é apresentada como inteligente, 58% disseram que mulher é vista como objeto sexual e 84% declararam que o corpo feminino é chamariz para a venda de produtos.
“É um grau de liberdade desrespeitoso à dignidade das mulheres e é visto como normal”, ressaltou a pesquisadora, citando propaganda de vendas de carro e bebidas. Jacira de Melo demonstrou também preocupação com o papel da publicidade na formação de opinião das gerações futuras, ao valorizar o modelo de mulher europeu, diferente do padrão do Brasil, um país mestiço. “A publicidade lida com a nossa mente, com o nosso coração, o inconsciente, com a formação do imaginário simbólico para as novas gerações. O padrão de beleza da publicidade é inacessível”, destacou.
Fonte: Assessoria de Imprensa do TJ-RJ | Foto: Alexandre Moreira