*O Globo
A guerra entre traficantes do Morro do Fubá, em Campinho, na Zona Norte, e milicianos vem trazendo reflexos até no carnaval das escolas do grupo de acesso. Com a mudança do local de desfile da Estrada Intendente Magalhães para a Avenida Ernani Cardoso, próximo à favela, a juíza Mônica Labuto, da 3ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, em Madureira, proibiu que crianças e adolescentes desfilem nas agremiações devido ao risco de balas perdidas durante a troca de tiros entre a facção e a milícia. A magistrada baseou-se num parecer desfavorável da Polícia Militar.
Num ofício enviado à Justiça, o comandante do 9º BPM (Rocha Miranda), tenente-coronel Bruno Xavier, leva em conta os confrontos armados provocados pelas disputas de bandidos do Morro do Campinho para afirmar ser “desfavorável à presença de crianças e adolescentes, independentemente de serem participantes ou espectadoras, no evento de Carnaval 2023 a ser realizado na Avenida Ernani Cardoso”.
Por haver poucas ruas transversais no trecho de 400 metros do desfile da Avenida Ernani Cardoso, o que dificultaria a saída das pessoas em caso de tiroteios, o Corpo de Bombeiros também indeferiu o pedido de autorização para o evento. O “novo carnaval da Intendente Magalhães”, como passou a ser chamado pela Superliga, que organiza os desfiles com a Riotur, tem expectativa de público de 4 mil pessoas por dia. O evento ocorre entre os dias 18 e 26 deste mês.
— Há um interesse total do Corpo de Bombeiros que seja realizado qualquer evento desde que seja legalizado, seguindo as regras de segurança. Dessa forma, a cada dia, o responsável pelo evento, uma espécie de despachante, cumpre paulatinamente as nossas exigências — explicou o secretário de Defesa Civil.
Segundo a juíza, está sob sua responsabilidade autorizar as crianças e adolescentes a desfilar. Por isso, diante dos pareceres da PM e do Corpo de Bombeiros, entendeu que deveria proibi- los de sair nas escolas.
— Julguei com base nas avaliações do comando da PM e dos bombeiros. Os dois deixaram claro que não há segurança para as crianças e adolescentes desfilarem. Por ficarem em carros alegóricos, por exemplo, estarão vulneráveis. Não posso impedir as que vão assistir, porque estarão com os pais ou outros responsáveis — explicou a juíza Monica Labuto, lembrando que há um supermercado no local, o que aumenta o fluxo de pessoas na Avenida Ernani Cardoso.