A Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) lançou o Prêmio EMERJ Consciência Negra, que entregará o Troféu Esperança Garcia.

Reconhecida pela Seccional Piauí da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PI) primeira advogada do Estado, Esperança Garcia teve uma vida marcada pela indignação e pela coragem de resistir. A iniciativa da EMERJ homenageia a pioneira na luta contra o racismo e pela igualdade de gênero, raça e classe no Brasil.

Nesta edição, a Escola homenageará quatro personalidades negras que se destacam na defesa dos direitos raciais no Brasil. A solenidade ocorrerá presencialmente no Auditório Antonio Carlos Amorim (Rua Dom Manuel, s/n, 4º andar, Lâmina 1, Centro do Rio), na terça-feira (22), às 17h.

Participarão a diretora-geral da Escola, desembargadora Cristina Tereza Gaulia; o vice-presidente do Conselho Consultivo, desembargador Marco Aurélio Bezerra de Melo; e o presidente do Fórum Permanente de Direito e Relações Raciais, juiz André Luiz Nicolitt.

Serão homenageados:

Elisa Lucinda: Reconhecida no meio musical e da dramaturgia pelos trabalhos no cinema, na televisão e no teatro, é atriz, jornalista, escritora e cantora. Em 2020, foi premiada no Festival de Cinema de Gramado pelo filme “Por que Você Não Chora?”. Sua carreira começou na telenovela “Kananga do Japão”. Com 35 anos de profissão, se notabiliza pela difusão da arte produzida por negros no país.

Altay Veloso: Cantor, compositor e guitarrista, começou a carreira aos 21 anos. Em 1980, gravou “O Cantador”, primeiro disco autoral. Lançou, ainda, “Sedução” e “Paixão de d’Artagnan”. Músicas suas integraram trilhas sonoras de novelas. Foi convidado para se apresentar no Festival de Jazz de Montreal por três anos consecutivos. Compôs para intérpretes importantes, como Elba Ramalho, Vanusa, Roberto Carlos, Fagner, Alcione e Emilio Santiago.

Sueli Carneiro: Filósofa, escritora e ativista antirracismo do Movimento Negro, é uma das principais referências da discussão do feminismo negro no Brasil e das cotas raciais nas universidades. Registra mais de 150 artigos publicados em jornais e revistas, além de 17 livros relacionados ao tema. Venceu o Prêmio Itaú Cultural (2017), o Prêmio Benedito Galvão (2014), o Prêmio Direitos Humanos da República Francesa, o Prêmio Bertha Lutz (2003) e o Prêmio de Direitos Humanos Franz de Castro Holzwarth.

Cláudio Jorge: Aos 50 anos de carreira, o guitarrista, violonista, compositor e cantor atuou em diversos setores da atividade musical brasileira. Sua trajetória começou aos 20 anos, quando acompanhou ao violão compositores da Velha Guarda, como Ismael Silva, Cartola e Nelson Cavaquinho e a cantora Clementina de Jesus. Suas composições foram gravadas por cantores como Emílio Santiago, Ângela Maria, Alaíde Costa, Zeca Pagodinho, Elza Soares, Zezé Mota, Jorge Aragão e Martinho da Vila. Seu trabalho mais recente, “Samba Jazz”, recebeu o Grammy Latino na categoria “Melhor disco de samba”.

Quem foi Esperança Garcia

Esperança Garcia foi escravizada no século 18 em Oeiras, a 300 km de Teresina. Nasceu na Fazenda Algodões, que pertencia a padres jesuítas. Lá, aprendeu a ler e escrever. Com a expulsão dos religiosos e a transferência da fazenda para senhores de escravos, foi separada dos filhos e do marido para ser enviada a outras terras.

Esperança escreveu uma carta em que relatava os maus tratos sofridos por ela, por outras mulheres e homens em uma fazenda da região. O documento foi encontrado em 1979 pelo historiador Luiz Mott no Arquivo Público do Piauí. Escrita em 1770, a carta foi reconhecida como uma petição 247 anos depois, em 2017. Esperança tinha apenas 19 anos quando escreveu o documento reivindicando direitos ao governador.

Inscrições para participação presencial pelo link https://emerj.jus.br/evento/inscricao_horaInscricao.php?codEvento=8255.

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