Cultura | 29 de janeiro de 2019 09:58

Revista FÓRUM: Casa Roberto Marinho exibe mestres das artes brasileiras

Arquitetura inspirada em fazenda pernambucana do século 17 | Foto: Matheus Salomão

Exposições reúnem obras do modernismo e da arte abstrata

Por SERGIO TORRES

O casarão no Cosme Velho onde por seis décadas morou o jornalista e empresário Roberto Marinho (1904-2003) é desde 28 de abril passado um dos mais importantes espaços culturais do Rio de Janeiro. Reduto das artes plásticas brasileiras, a Casa Roberto Marinho comemora seu primeiro aniversário com duas mostras que expõem parte do acervo que ele, um entusiasta do modernismo brasileiro, reuniu.

Erguida em 1939 ao final da Rua Cosme Velho, em um dos acessos à estrada que leva ao Cristo Redentor, a construção rosa neocolonial inspirou-se no Solar de Megaípe, destaque da arquitetura rural de Pernambuco no século 17.

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Desde 6 de dezembro a Casa Roberto Marinho abriga as exposições “Modernos +” e “Oito décadas de abstração informal / 1940 a 2010” , esta em parceria com o Museu de Arte Moderna de São Paulo.

“Modernos +” está instalada no térreo do sobradão. Exibe exemplares da coleção modernista montada por Roberto Marinho ao longo dos quase cem anos de vida. São 44 pinturas, esculturas e serigrafias de 15 dos principais artistas plásticos do Brasil em todos os tempos, entre eles Candido Portinari (1903-1962), Di Cavalcanti (1897-1976), Cícero Dias (1907-2003), José Pancetti (1902-1958), Alberto Guignard (1896-1962) e Tarsila do Amaral (1886-1973).

De acordo com o diretor-executivo do Instituto Casa Roberto Marinho, o arquiteto e antropólogo Lauro Cavalcanti, a proposta da exposição é “reafirmar o caráter da Casa como um local do modernismo brasileiro”, de modo que o público reconheça “a diversidade de linguagens individuais” de alguns dos expoentes da arte no país.

No segundo pavimento foi montada a exposição “Oito décadas de abstração informal”. São 78 obras produzidas do final da década de 40 do século passado até 2012, por 38 artistas vinculados ao estilo abstrato, marcado pela ausência de formas geométricas pré-estabelecidas.

Do acervo de Roberto Marinho estão 41 trabalhos, quase todos dos anos 40, 50 e 60, de talentos internacionais como Antonio Bandeira (1922-1967), Iberê Camargo (1914-1994), Roberto Burle Marx (1909-1994) e Manabu Mabe (1924-1997). A mostra traz 37 obras do museu paulista, especialmente de artistas contemporâneos– Nuno Ramos e Luiz Aquila, entre eles.

Serigrafias “Casa de Farinha”, de Djanira | Foto: Matheus Salomão

As exposições serão encerradas em junho. Em seguida, a Casa Roberto Marinho abrigará mais duas mostras, uma delas inteiramente dedicada a Djanira (1914-1979), pintora paulista sobre quem o baiano Jorge Amado (1912-2001) escreveu trazer “o Brasil em suas mãos”.

A segunda exposição será dedicada à Coleção Sérgio Fadel, advogado, morto em 2017, que reuniu um acervo precioso das artes brasileiras, com 1,5 mil obras que abarcam do período colonial ao século 21.

Além das pinturas, esculturas e instalações expostas, a Casa Roberto Marinho traz nos jardins, projetados por Burle Marx, trabalhos de Carlos Vergara, Ascanio MM, Maria Martins (1894-1973) e do próprio Marinho, escultor bissexto.

Cinema, com painel lateral de Clóvis Graciano (1907-1988) | Foto: Matheus Salomão

Há ainda um cinema – com 33 confortáveis poltronas – de programação regular e gratuita, em parceria com o canal online Philos. Costumam ser exibidos documentários de arte, como “A Casa” do cineasta brasileiro Antonio Carlos da Fontoura. Em 14 minutos, o filme mostra imagens da Casa Roberto Marinho, seus moradores, visitas, festas, dependências.

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