Brasil | 03 de janeiro de 2017 19:18

Nota de repúdio à barbárie em Manaus e de apoio ao juiz Luís Carlos Valois (TJ-AM)

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Nota de repúdio à barbárie em Manaus e de apoio ao juiz Luís Carlos Valois (TJ-AM)

A AMAERJ repudia o brutal assassinato de ao menos 60 presidiários no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus (AM), e se solidariza com as famílias das vítimas dessa bárbara violação de direitos humanos em nosso país.

A AMAERJ manifesta solidariedade ainda ao juiz Luís Carlos Valois (TJ-AM), da Vara das Execuções Penais de Manaus, e rejeita a reportagem de O Estado de S. Paulo, que insinua suposta ligação entre o magistrado e criminosos.

Conhecido por sua atuação firme e correta, Valois já foi ameaçado de morte por criminosos e obrigado a ter escolta. Convocado no recesso forense por conta da bárbara rebelião, prontificou-se a imediatamente a atuar como um dos negociadores e ajudou a libertar dez reféns, funcionários públicos do Estado do Amazonas.

Só um juiz atuante na execução penal é chamado a moderar uma situação crítica como a ocorrida, por conhecer a realidade dos presos e ter o respeito do governo estadual, dos pares e dos presos.

Após a publicação da matéria, Valois passou a ser ameaçado de morte pela facção criminosa PCC, o que é inaceitável. A AMAERJ repudia este tipo de reportagem, que põe em risco a integridade física do magistrado e de sua família e afeta toda a magistratura.

Leia abaixo mensagem do juiz no facebook:

“Sobre a covardia do Estadão. Ontem, depois de passar doze horas na rebelião mais sangrenta da história do Brasil, um repórter, dito correspondente desse jornal me liga. Eu digo que estou cansado, sem dormir a noite toda, mas paro para atende-lo por vinte minutos. Algumas horas depois sai a matéria: ‘Juiz chamado para negociar rebelião é suspeito de ligação com facção no Amazonas’. O Estadão é grande, eu sou pequeno, um simples funcionário público do norte do país. 

Eles não publicaram nada do que falei, nem, primeiramente, o fato de que eu não era o único a negociar a rebelião. Desenterraram uma investigação contra mim da Polícia Federal em que esta escuta advogados falando o meu nome para presos, sem qualquer prova de conduta minha. Detalhe, todos os presos das escutas estão presos, nunca soltei ninguém. Mas insinuaram que isso tinha algo a ver com o fato de eu ter ido falar com os presos na rebelião, que sequer eram os mesmos da escuta.

Fui porque tinha reféns. Estamos no recesso, eu não estou no plantão, fui porque havia reféns, dez reféns, mas isso eles não falaram também.

Fui chamado pelo próprio Secretario de Segurança do Amazonas que, não por coincidência, é um dos delegados da Polícia Federal mais respeitados do Estado. Ele, o delegado, veio me buscar em casa, me cedeu um colete a prova de balas, e fomos para a penitenciária. O secretário de administração penitenciária, egresso igualmente da PF também estava lá aguardando.

Tudo que fiz, negociei e ajudei a salvar dez funcionários do Estado, reféns dos presos, fiz sob orientação dos policiais. Tudo isso falei para o tal Estadão, mas foi indiferente para eles. Agora recebo ameaças de morte da suposta outra facção, por causa da matéria covardemente escrita, sem sequer citar o que falei. Covardes. Estadão covarde, para quem não basta ‘bandido morto’, juiz morto também é indiferente.”

Foto rebelião Manaus