Notícias | 17 de março de 2011 20:36

Amaerj e TV Globo promovem encontro entre magistrados e jornalistas da emissora

Nesta quarta 16, mais de 60 jornalistas da TV Globo, incluindo o canal Globonews e o portal G1, assistiram a um programa diferente: seis magistrados do Rio de Janeiro dispostos a dialogar abertamente com eles. Claro que não faltaram perguntas.

A convite do Departamento Jurídico e da Central de Jornalismo da TV Globo, a Amaerj levou para o encontro um grupo de juízes e desembargadores do Tribunal do Rio, para esclarecer dúvidas sobre o funcionamento do Judiciário e, em particular, a rotina profissional dos magistrados.

Liderados pelo presidente da Associação, o desembargador Antonio Siqueira, o grupo era formado pela desembargadora Cláudia Telles, da 5ª Câmara Cível, os desembargadores Marco Aurélio Bellizze e Marco Basílio – da 1ª Câmara Criminal – e os juízes Carlos Augusto Borges – Vara de Execuções Penais – e Cezar Augusto Rodrigues Costa, da 7ª Vara Empresarial. Na plateia,  estavam editores e repórteres do Bom Dia Brasil, Editoria Rio, Jornal Nacional, Globo News, Globo Repórter, Fantástico, portal G1 e sites dos telejornais. O encontro começou às 13h e terminou logo após as 16h – o período foi determinado pelo intervalo entre os programas jornalísticos da emissora.

Antes de sua breve palestra, em que explicou o significado das prerrogativas dos magistrados para a independência do Poder Judiciário, o presidente da Amaerj afirmou que todos naquela mesa eram “magistrados abertos à sociedade, que trabalham seriamente, mas que vivem suas vidas pessoais, cada um com suas particularidades.”

Assim que acabou o debate, que transcorreu em clima informal, a impressão era de que todos estavam entusiasmados com a oportunidade de ter discutido esses temas, o que, normalmente só ocorre no calor de uma cobertura jornalística.

Um dos momentos mais agitados ocorreu quando o repórter Eduardo Tchao questionou o juiz Carlos Borges, da VEP, sobre a progressão de regime poder representar uma facilitação para a fuga, citando o exemplo do ex-traficante Polegar. O juiz disse que não pode levar seus “fantasmas pessoais” para a hora de julgar, e deu um exemplo pessoal. “Uma vez, tive que deixar meu filho no hospital, vítima de um ato criminoso, para no dia seguinte participar de um Mutirão Carcerário. Se eu deixasse que meus fantasmas pessoais me influenciassem eu não faria o meu trabalho da maneira correta. Eu tenho que me ater aos autos e ao histórico do preso”, defendeu-se. O juiz Carlos Borges é  autor da decisão que, em setembro de 2009, concedeu ao ex-traficante do Morro da Mangueira, Alexander Mendes da Silva, o Polegar, o benefício para o regime aberto após cumprir um sexto da pena. Na época, Borges afirmou ter cumprido a Lei baseado no parecer da Secretaria de Administração Penitenciária que considerou o comportamento do preso “excelente” e na ausência de novas provas produzidas pela polícia.

Sem medo de polêmica, o desembargador Marco Bellizze, que já atuou como policial investigativo antes de fazer concurso para juiz, colocou mais lenha na fogueira. “A cadeia socializa? Acho que não…” Ao que o desembargador Marco Basílio completou: “Eu defendo a progressão, sim, afinal, sem esperança ninguém vive.”

Em outro momento, perguntado por um jornalista se realmente havia assédio para corromper juízes, Bellizze foi direto: “É aquela história: fantasma só aparece para quem acredita”.

Ao final, o presidente Antonio Siqueira saiu confiante de que este foi, possivelmente, o primeiro de muitos encontros similares. Assunto, pelo visto, não vai faltar.

Fotos: TV Globo

Fonte: Assessoria de Comunicação da Amaerj/Marcelo Pinto