A AMAERJ premiou 19 defensores da dignidade humana e da cidadania, nesta segunda-feira (6), no Tribunal Pleno do TJ-RJ. Cerca de 200 pessoas participaram do 6º Prêmio AMAERJ Patrícia Acioli de Direitos Humanos, que reuniu magistrados, membros do Ministério Público, defensores, advogados, jornalistas, professores, líderes de movimentos sociais e estudantes. A Associação homenageou a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, com o Prêmio Hors-Concours por sua notável atuação em defesa dos direitos humanos.
A presidente da AMAERJ, Renata Gil, destacou que foram registradas mais de 60 mil mortes violentas em 2016, recorde negativo de homicídios da história do País – números que equivalem às mortes provocadas pela explosão da bomba nuclear que dizimou Nagasaki, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial.
“Sete pessoas são assassinadas por hora no Brasil. Esta é a nossa guerra, diária, que atinge toda a população brasileira, em especial, a do Rio de Janeiro, como meus colegas magistrados conhecem tão bem. Mais do que estatísticas, são vidas ceifadas violentamente. Essa realidade é inaceitável. Precisamos tomar providências urgentes para combater essa guerra”, afirmou.
“Em tempos de extrema violência e intolerância, o 6º Prêmio abre as portas e dá a voz para os profissionais que lutam pela vida, pela justiça e pela paz. Uma noite de reconhecimento e agradecimento aos que fazem o bem e que são exemplos para a sociedade, como foi e sempre será Patrícia Acioli, uma humanista, apaixonada pela justiça e pela profissão, símbolo da coragem e da defesa da dignidade humana”, destacou Renata.
Raquel Dodge afirmou que o Prêmio honra o legado de coragem e zelo pelo bem comum da juíza Patrícia Acioli. “Agradeço com muita honra à AMAERJ, especialmente a presidente Renata Gil e os curadores desse Prêmio que simboliza a esperança na luta pela Justiça. É um prêmio que está ancorado na defesa de direitos humanos, e este é um mote importante para falarmos de dignidade, de igualdade e de liberdade.”
Para a procuradora, ‘há sinais muito preocupantes de ofensas a direitos fundamentais no Brasil, no presente e no futuro’. “A morte precoce de jovens atinge o destino da nação. Falar em direitos humanos é muito importante porque significa falar daquilo que mais interessa a cada um de nós. Resgata a possibilidade de contarmos uns com os outros. É como falar de confiança e de esperança”, ressaltou.
O presidente do TJ-RJ, Milton Fernandes, disse que o Prêmio ultrapassou as fronteiras e discute hoje temas de amplitude global. “É um evento que simboliza a harmonia na sociedade. O Prêmio tomou corpo e produz a paz, procurando conscientizar as pessoas pela necessidade de bem-estar da vida em sociedade mundial”, afirmou.
Cristian Wittman, membro do comitê gestor da Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (Ican, em inglês) – organização ganhadora do Prêmio Nobel da Paz 2017, fez um apelo para que todos os países assinem o tratado de proibição de armas nucleares.
“A detonação nuclear, intencional ou não, causa um problema humanitário gravíssimo para todo o globo. A existência de armas nucleares coloca em risco toda a população mundial. É pelo princípio de proteção da pessoa humana que a Ican defende que não existem mãos boas para armas ruins. Para a Ican, é uma honra estar em um prêmio tão nobre e importante”, disse Wittman.
A atriz Guilhermina Guinle foi a mestre de cerimônias do evento, que contou com as apresentações da Orquestra da Providência SOM+EU, projeto social de educação musical para crianças, adolescentes e jovens do Rio.
Compuseram a mesa da cerimônia, Renata Gil (presidente da AMAERJ), Milton Fernandes (presidente do TJ-RJ), Raquel Dodge (procuradora-geral da República), Leonardo Espíndola (procurador-geral do Estado), Maria Lúcia Jardim (presidente do RioSolidario e primeira-dama do Estado), Antônio Carlos de Sá (procurador-geral do Município), Jacqueline Montenegro (presidente do TRE-RJ), Alexandre Araripe Marinho (sub-procurador de Justiça do MP-RJ), André Luís de Castro, (defensor público-geral do Estado), Jayme de Oliveira (presidente da AMB), Cláudio dell’Orto (ex-presidente da AMAERJ e representante da EMERJ), Bernardo Cabral (ex-senador) e Marcia Succi (diretora de Direitos Humanos da AMAERJ). Também estiveram presentes os parentes da juíza Patrícia Acioli.
Este ano, o Prêmio AMAERJ Patrícia Acioli recebeu 223 inscrições, em quatro categorias, com o tema “Direitos Humanos e Cidadania”. Os primeiros colocados de Reportagens Jornalísticas, Práticas Humanísticas e Trabalhos Acadêmicos receberam R$ 15 mil, cada; os segundos lugares R$ 10 mil, e os terceiros R$ 5 mil. Na categoria Trabalhos dos Magistrados, os três primeiros colocados receberam troféus.
A Comissão Julgadora foi composta por 15 profissionais: Artur de Brito Souza, Daniel Sarmento e Gustavo Binenbojm (Trabalhos dos Magistrados), Elvira Lobato, José Carlos Tedesco e Sergio Torres (Reportagens Jornalísticas), Marcelo Alves Lima, Márcia Nina Bernardes, Mariana Thorstensen Possas e Adilson Cabral (Práticas Humanísticas) e Marco Aurélio Vannuchi, Patrícia Saldanha, Marcio Castilho, Jussara Freire e João Batista de Abreu (Trabalhos Acadêmicos).
Criada em 2012, a premiação celebra a memória da juíza Patrícia Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, assassinada em 2011, em Niterói, por policiais militares. O Prêmio tem o objetivo de reconhecer e reverenciar iniciativas e trabalhos que contribuam para a melhoria da sociedade brasileira.
O 6º Prêmio tem como parceiros a Caixa Econômica Federal (CEF), a Multiplan, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e a Anoreg-RJ (Associação dos Notários e Registradores do Brasil-RJ). A premiação tem o apoio do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ).