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Cientista brasileira que sequenciou genoma do coronavírus recebe Hors-Concours

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Biomédica graduada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Jaqueline Goes de Jesus foi agraciada, nesta segunda-feira (9), com o Troféu Hors Concours do Prêmio AMAERJ Patrícia Acioli de Direitos Humanos. Ela coordenou a equipe do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) responsável pelo sequenciamento genético do coronavírus no Brasil. “Recebo esse prêmio em nome de todos os cientistas brasileiros que têm se dedicado incessantemente ao combate à pandemia de Covid-19. Agradeço pelo incentivo à ciência”, disse Jaqueline.

A Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro decidiu premiar com o Hors Concours em 2020 uma personalidade que tenha sido destaque em ações de combate à pandemia. A pesquisadora foi escolhida pelos magistrados associados à AMAERJ em votação online, a partir de lista tríplice.

“É com grande honra que recebo o Troféu Hors Concours. Meu desejo é que a memória da Patrícia Acioli seja sempre lembrada como uma mulher de luta, por sua trajetória em defesa dos direitos humanos e também da justiça. Me sinto extremamente honrada de ter sido escolhida”, afirmou.

Jaqueline Goes de Jesus tem 31 anos, é mestre em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa pelo Instituto de Pesquisas Gonçalo Moniz, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e doutora em Patologia Humana e Experimental pela Universidade Federal da Bahia (UFB), em parceria com a Fiocruz.

“É um ano muito difícil para todos nós. Este prêmio destaca um trabalho que vem sendo desenvolvido na ciência brasileira por muito tempo e permaneceu invisibilizada. É um reconhecimento inestimável a essa categoria e também a mim, mulher negra. Sabemos das dificuldades no Brasil, principalmente para nós, pessoas de cor. Parabenizo a AMAERJ pela organização desta premiação de tamanha importância para a sociedade”, destacou a cientista.

O Prêmio recebeu 323 inscrições neste ano. A categoria que recebeu maior número de inscrições foi Reportagens Jornalísticas, com 140 matérias, seguida por Trabalhos Acadêmicos (121 teses), Práticas Humanísticas (43 ações) e Trabalhos dos Magistrados (19 projetos). O primeiro lugar de cada categoria ganha R$ 15 mil; o segundo, R$ 10 mil; e o terceiro, R$ 5 mil.

Na categoria Trabalhos dos Magistrados, onde os três primeiros colocados recebem apenas troféus, o vencedor foi o projeto “Inserção da anomalia congênita constatada e descrita na Declaração de Nascido Vivo na Certidão de Nascimento”. O trabalho foi inscrito pelos magistrados Demétrio Saker Neto e Teodoro Silva Santos, do Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE).

“É uma honra participar dessa premiação que promove o olhar no universo dos direitos humanos, principalmente por dar essa oportunidade de disseminar ações inclusivas. Estou muito satisfeito, e o Estado do Ceará agradece”, afirmou Demétrio Saker Neto.

O jornalista Rubem Berta ganhou na categoria Reportagens Jornalísticas. Ele relatou em seu blog, na série “A Crise na Saúde no Estado do Rio durante a Pandemia”, as principais irregularidades constatadas pelas investigações policiais e do Ministério Público que resultaram no afastamento do governador Wilson Witzel, do Estado do Rio de Janeiro.

“Ganhar um prêmio com o nome da doutora Patrícia Acioli é uma honra enorme. Quando comecei o trabalho do blog eu nunca imaginava ganhar um prêmio. Já tenho 20 anos de jornalismo e este momento, para mim, tem a intenção de devolver um pouco do meu aprendizado para a sociedade. Dedico este prêmio a todos os profissionais de saúde, que deram as suas vidas durante a pandemia”, disse Berta, muito emocionado.

A prática humanística campeã foi o grupo de pesquisa “Laboratório de Direitos Humanos”, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Minas Gerais. “Para nós, o reconhecimento nos encoraja para prosseguir em nossas ações de educação e promoção dos direitos humanos e cidadania, atuando de maneira inovadora e trazendo impacto transformador na sociedade. É uma grande honra para nós receber este prêmio”, afirmou o líder do laboratório, professor-adjunto Rodrigo Vitorino Souza Alves.

O trabalho acadêmico vencedor foi “Yanomami enterrado como branco: uma análise das violações aos direitos do povo indígena Yanomami, ocorridas no contexto de enfrentamento da Covid-19”, de autoria de Líbia de Paula Ferreira da Silva e Phâmela Beatriz Vitorino Mendes. “Mesmo não sendo indígena, sofremos muita dor com esse caso, ocorrido aqui no Norte. Agora, ficamos muito felizes em dar visibilidade nacional ao tema, o que era inimaginável. Este reconhecimento é uma vitória, agradecemos muito pela oportunidade”, disse Phâmela.

Prêmio

Criado em 2012, o AMAERJ Patrícia Acioli de Direitos Humanos celebra a memória da juíza Patrícia Acioli. Titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, ela foi morta em 2011, em Niterói, por policiais militares. O Prêmio tem o objetivo de identificar, disseminar, estimular e homenagear as ações em defesa dos direitos humanos, dando visibilidade a práticas e trabalhos na área.

O Prêmio AMAERJ Patrícia Acioli de Direitos Humanos tem o apoio do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) e da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ).

Os patrocinadores são a Associação dos Notários e Registradores do Brasil-RJ (Anoreg), a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a empresa de shoppings Multiplan, o Grupo Carrefour, o banco Bradesco e a instituição de investimentos Harpia Funding.