* Gilberto Pinheiro
Muitos não sabem, mas, infelizmente, houve touradas no Brasil, herança portuguesa que teve fim em 1934 na gestão do presidente Getúlio Vargas, através do Decreto-Lei 24645/34, proibindo definitivamente esta prática odiosa e cruel contra infelizes e indefesos animais. A tauromaquia é uma brutalidade do ser humano involuído como um todo. Os praticantes desta prática “esportiva” (?) demonstram traços de personalidade extremamente agressiva e rude. A psicopatia possivelmente caminha nesta estrada de horror.
O fim das touradas em nosso país ocorreu há décadas, contrariando adeptos e simpatizantes desta modalidade sádica e cruel . Porém, não foi nada fácil, haja vista a resistência contumaz de conservadores e simpatizantes desta crueldade, fato que exigiu esforço político ao longo do tempo. Inclusive, a polêmica sobre o assunto foi razão de manchete de jornal, tendo o Correio da Manhã publicado em suas páginas, em maio de 1950, reportagem sobre a referida questão com destaque. Como estava próximo da realização da Copa do Mundo em nosso país, muitos defendiam as touradas, como atração turística.
Inclusive, projeto de lei de autoria do deputado Raul Pila fora apresentado no Congresso Nacional em defesa desta barbárie. Mas, o bom senso prevaleceu, com o povo se manifestando nas ruas, contrário a esta modalidade criminosa.
Infelizmente, ainda é praça sangrenta em outros países e, curiosamente, latinos, entre eles México, Portugal, França, Colômbia, Peru. Na Espanha tal crueldade foi banida. Mas, ainda resistem ao tempo as corridas de touros, “divertimento” (???) que também ocorria no século III d.C. na Europa. Sombras da ignorância resistem ao tempo.
Aliás, esta prática telúrica e inferior tem raízes na Antiguidade, influenciando negativamente diversos países. Inclusive, há um registro interessante em que o Papa Pio V, através da Bula De Salute Gregis, em 1567, horrorizado com as touradas, excomungou todos que participavam ou assistiam a estas modalidades criminosas, próprias de seres humanos involuídos e distantes da civilidade. Somente a Itália cumpriu tal determinação.
Ainda hoje sabemos que diversos países, com apoio legal praticam tais torturas. Mas, com as sociedades atualmente mais atentas e informadas, quero crer que em breve tempo estes assassinatos de touros nas arenas serão definitivamente proibidos nestes países que insistem com a rudeza e crueldade.
A Argentina, Cuba e Uruguai também foram nações que, infelizmente, praticavam esta “cultura inferior”. Todavia, com o avanço das leis protetivas aos animais, baniram definitivamente esta insanidade. A Argentina encerrou tal atividade em 1899; Cuba em 1901 e Uruguai em 1912.
À medida que o ser humano evolui, tornando-se civilizado, abandona práticas primitivas e ignaras que tanto barbarizam os próprios humanos e animais. Evolução demanda tempo e somente educando nas escolas que ficaremos livres destas idiossincrasias e disposições do caráter inferior.
Gilberto Pinheiro é jornalista, palestrante em escolas e universidades sobre a senciência dos animais