A juíza Tula Mello (2ª Vara Criminal do TJ-RJ) decretou nesta sexta-feira (9) a prisão temporária de nove policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), do 16º Batalhão da Polícia Militar (Olaria). Os sargentos Anderson Nandler S. do Nascimento, Fábio Costa da Silva, Antônio Carlos da Cruz, Ricardo Justino Lopes de Medeiros, Marcelo Augusto Cardoso Pereira, Marcelo Theodoro Miranda, Gilmar Baptista dos Santos, André Luiz Ferreira da Silva e Janderson Pereira Anacleto são suspeitos de associação para o tráfico de drogas.
A investigação aponta que os policiais vêm recebendo propina, desde o fim de 2016, para auxiliar integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) na retomada do controle de pontos de venda de drogas na Cidade Alta, em Cordovil (zona norte). Atualmente, a localidade é dominada por criminosos do Terceiro Comando Puro (TCP). Houve suspeita ainda de que os policiais teriam alugado o blindado para infiltrar os criminosos na favela.
As informações do envolvimento dos PMs com o crime organizado vieram à tona após a prisão de 45 suspeitos, com apreensão de 32 fuzis, em confronto entre facções rivais em 2 de maio. Entre os detidos, estava o traficante Carlos Alberto de Assis Farias, o Cachoeira, que revelou um plano de retomada da região com a ajuda do “GATE dos angolanos”.
“Dentre os presos em flagrante havia um indivíduo conhecido pelo vulgo de Cachoeira, que verbalizava insatisfação com o insucesso da invasão porque pagara uma certa quantia em dinheiro a Policiais do 16º BPM que prestariam auxílio a ele e seus comparsas no plano de retomada da Cidade Alta. Cachoeira apontou como policiais beneficiados aqueles que compunham o GATE que assumiria o serviço na manhã do dia 02 de maio de 2017”, disse o tenente-coronel Alex Benevenuto Santos, comandante do 16º BPM, em depoimento.
Segundo o Inquérito Policial Militar, Cachoeira estava insatisfeito porque pagara a PMs por apoio e, no entanto, o Bope apareceu na região para rechaçar a tentativa de invasão. A Polícia Militar identificou que o mesmo grupo do GATE do 16º Batalhão estava trabalhando na região nos mesmos dias em que ocorreram outras tentativas de invasão de traficantes à Cidade Alta.
Além da prisão temporária de cinco dias, a magistrada decretou a quebra dos sigilos bancários e fiscais, e o bloqueio dos bens dos nove policiais militares investigados.