CNJ | 15 de setembro de 2016 20:38

Três anos após massacre, Pedrinhas tem presa campeã de redação

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Em 2013, o superpopuloso presídio de Pedrinhas, no Maranhão, ficou conhecido nacionalmente pelo massacre de 62 presos, muitos deles decapitados. A notícia que agora chega de lá é surpreendentemente positiva. Daiane Camelo, 26 anos, que cumpre pena na Penitenciária Feminina do Complexo de Pedrinhas (MA), ganhou a medalha de ouro na categoria nacional do 1º Concurso de Redação da Defensoria Pública Geral da União (DPU).

Daiane concorreu na modalidade de Educação para Jovens e Adultos (EJA), na categoria Redação IV, com o tema “Eu tenho direito e a DPU está comigo!”, pelo 3º ano do ensino médio da Unidade Escolar João Sobreira de Lima, em Pedrinhas.

“Esse prêmio mudou meu pensamento e trouxe esperança para eu vencer e superar tudo por meio da educação e, assim, ter uma oportunidade quando cumprir minha pena”, afirmou. “Tem hora que eu nem acredito que eu tenha ganhado o prêmio. Tenho esperança de que possa abrir as portas para mim, quando eu deixar o sistema prisional, que possa servir para que as pessoas me deem oportunidade de seguir a minha vida de uma forma mais correta”.

Na penitenciária, Daiane já fez cursos de panificação, cabeleireira e depilação. Ela pretende se formar em administração.

“É a realização de um sonho e de um projeto da DPU, uma perspectiva de transformação, mesmo. E ver o quanto estes alunos estavam felizes com a vitória, com esta realização, foi um momento único para todos nós. A Daiane é uma prova do quanto as pessoas podem vencer desafios e superar adversidades”, disse a defensora-chefe da DPU-MA.

O evento contou com a participação do juiz da 2ª Vara de Execuções Penais, , que representou o coordenador da Unidade de Monitoramento Carcerário, desembargador Froz Sobrinho.

Para o juiz maranhense Fernando Mendonça, a abertura do sistema penitenciário para receber os serviços de órgãos públicos e privados faz com que os presos sejam vistos e assistidos por políticas de saúde, educação, esporte e geração de renda. “O que não era possível fazer antes, agora é uma porta para oportunidades de uma vida melhor por meio da educação ou da formação profissional” ressaltou.

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