Campanha arrecadou, em 17 dias, mais de R$ 220 mil e 13.500 donativos
Por Evelyn Soares
Encravada na Serra da Estrela, Petrópolis foi fundada em março de 1843 por Dom Pedro 2º. Era lá que os membros da Corte se abrigavam nos meses mais quentes e onde as consequências das fortes chuvas de verão espantavam o imperador, como registrou em seu diário em 5 de janeiro de 1862.
“Ontem de noite houve grande enchente. Subiu três palmos acima da parte da Rua do Imperador do lado da Renânia (…). Conversei hoje com o engenheiro do distrito; pouco se fez do ano passado para cá. Os estragos que fez a enchente levaram 2 meses a reparar, segundo me disse o engenheiro.”
Cento e sessenta anos depois, novamente veio dos céus a causa da pior tragédia da história da Cidade Imperial. Na tarde de 15 de fevereiro, caiu, em menos de três horas, a maior chuva registrada em 90 anos, de acordo com a Defesa Civil.
Deslizamentos de terra soterraram casas; enchentes de grandes proporções carregaram árvores e veículos. Até a primeira semana de março havia 233 mortos e quatro desaparecidos. Quase 1.120 pessoas ficaram desalojadas. A operação de resgate mobilizou 640 bombeiros do Rio e de outros Estados e teve o suporte de 50 cães adestrados para farejar entre destroços.
Sensibilizada, a AMAERJ a iniciou a campanha “SOS Petrópolis”. Com o objetivo de arrecadar doações para as vítimas, entidades do Poder Judiciário fluminense foram parceiras de primeira hora: o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), a Associação Beneficente dos Amigos do Tribunal (Abaterj) e a Escola da Magistratura do Estado (EMERJ). Logo o Observatório dos Direitos Humanos do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) aderiram.
De 16 de fevereiro a 4 de março, foram arrecadados R$ 223.302,16. No período, 13.500 donativos foram coletados.
“O momento é de unir forças e preces em favor dos desamparados, daqueles que perderam parentes e amigos nesta catástrofe”, disse a presidente da AMAERJ, Eunice Haddad.
Presidente da Abaterj, a desembargadora Eunice Ferreira Caldas participou de parte dos envios de doações, entregues no Castelo Country Club. A primeira remessa ocorreu em 21 de fevereiro, uma carga de 3.578 itens. Três dias depois, dois caminhões partiram do 5º Núcleo Regional e do Museu da Justiça. Este levou mil sachês de leite em pó e 1.200 kits de higiene, obtidos com parte do dinheiro arrecadado nas contas bancárias da AMAERJ. No dia 25, mais 9.046 itens foram entregues.
Diretor de Segurança do Magistrado da AMAERJ, o juiz Ronald Pietre uniu-se à desembargadora Eunice para a primeira remessa. O titular da 2ª Vara Cível de Itaipava já presenciou tragédias na Cidade Imperial desde 1984. Para o magistrado, os desabrigados e os economicamente impactados precisam da solidariedade por um tempo maior do que o das doações.
“Depois da comoção inicial, entra uma fase delicada porque elas vão escasseando e as necessidades continuam. É importante enviar aos poucos produtos de primeira necessidade, como itens de higiene e alimentos”, alertou Pietre.
Transparência: Confira na planilha as doações.
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