Cultura | 04 de agosto de 2020 10:45

Revista FÓRUM: Sem cinema, sem teatro, sem alegria

Drive-in na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio | Foto: Divulgação

Pandemia faz ressurgir drive-ins; peças, só na internet

por Sergio Torres

Um dos efeitos mais terríveis da pandemia no cenário cultural foi o fechamento dos cinemas e teatros. Já são mais de quatro meses sem poder assistir a um filme na tela grande ou aplaudir ao vivo artistas que encenam peças ou interpretam canções. 

Fora o impacto brutal na sobrevivência do pessoal da cultura — têm sido rotineiras nestes últimos meses as lives para arrecadação de dinheiro aos profissionais da música e do teatro —, um mundo sem cinema, espetáculos encenados e shows musicais não é aquele a que a população está habituada. Sem cultura, não se faz uma nação, já deve ter dito alguém importante.

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Como alternativa ao fechamento dos cinemas, por mais incrível que possa parecer, voltaram os drive-ins, há muito esquecidos. Novidade americana dos anos 50 do século passado, eles chegaram ao Brasil na segunda metade da década seguinte. Ao longo dos anos 70, vivenciaram seu auge. Já nos 80, a decadência era evidente. Nos 90, quase todos fecharam de vez.

Só mesmo uma crise aguda como a causada pela pandemia, que impede até mesmo assentos lado a lado, para o drive-in voltar como opção de divertimento.Ao menos 11 Estados (Rio, São Paulo, Goiás, Rondônia, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Espírito Santo, Pernambuco e Mato Grosso do Sul) e o Distrito Federal já aderiram aos drive-ins, montados em estacionamentos, áreas abertas de shoppings, espaços públicos e até campus universitários. 

Para os mais novos, que não conhecem o sistema, é importante informar que a pessoa assiste ao filme, projetado em uma tela de dimensão grande ao ar livre, de dentro do carro. O áudio é captado pelo rádio. Há regras de distanciamento impostas pela saúde públicas: os carros devem estar a, no mínimo, 1,5 m do mais próximo; uso de máscara; máximo de duas pessoas no carro; e venda de ingressos pela internet.

Na cidade do Rio, o primeiro drive-in foi aberto no início de julho na Barra da Tijuca, no estacionamento de uma casa de shows. Em meados do mês, houve a inauguração do drive-in da Lagoa (Zona Sul), no Parque dos Patins. Na vizinha Niterói, há um drive-in no Caminho Niemeyer, ambiente aberto junto à Baía de Guanabara. Durante décadas o único drive-in niteroiense funcionou na estrada de Itaipu, em frente a um cemitério.

Por enquanto, as soluções para os espetáculos teatrais são bem mais paliativas. Artistas encenando monólogos transmitidos virtualmente ou peças em que cada ator interpreta seu papel sem sair de casa. 

Em São Paulo, a Secretaria de Cultura da capital lançou o Festival Palco Presente, que pretende devolver as peças aos teatros e, simultaneamente, propiciar auxílio de emergência aos artistas.

A proposta é incentivar produções de pequeno porte.O problema é que será, ainda sem plateia. A transmissão se dará pela internet, possivelmente já em agosto, em cerca de 70 espaços teatrais, como informou o jornal “O Estado de S. Paulo” na edição de 15 de julho.

Quem sabe a experiência paulistana possa animar os governantes culturais do Estado do Rio, né?

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