Artes plásticas, cinema e música popular se inspiram no satélite da Terra
por SERGIO TORRES
Talvez o mais importante fato da história da humanidade tenha sido a chegada do homem à Lua. Nunca o ser humano fora tão longe. O impacto do feito é algo incomensurável até hoje. As imagens granuladas dos astronautas Neil Armstrong e Edwin “Buzz” Aldrin caminhando no satélite único da Terra são relíquias da modernidade. Este episódio grandioso, exemplo do desempenho evolutivo da tecnologia e da inteligência, acaba de completar 50 anos.
A Lua sempre inspirou poetas, compositores, artistas plásticos e cineastas. De “A Lua é dos namorados” (marchinha de sucesso no Carnaval de 1961, de Armando Cavalcanti e Klécius Caldas)) à “Lua dos Amantes” (canção de 1990 de Moraes Moreira e Pepeu Gomes), ela é tema usual na música popular brasileira.
No cinema, a epopeia da Apollo 11, nome da espaçonave que levou o homem à Lua, foi recentemente contada por Hollywood em “O Primeiro Homem”, filme do diretor Damien Chazelle. O ator Ryan Gosling interpreta Neil Armstrong. O filme conta a trajetória do astronauta, como era sua vida antes de ser o primeiro homem a pisar na Lua e o que acontece com ele após o retorno do espaço, até a sua morte em 2012, aos 82 anos.
Armstrong e Aldrin desceram na Lua em 21 de julho de 1969. Desde a véspera o Módulo Lunar estava pousado no Mar da Tranquilidade, área escolhida pela Nasa para a alunissagem. O terceiro astronauta, Michael Collins, permaneceu no Módulo de Comando, na órbita lunar.
Armstrong desceu primeiro. O colega, 20 minutos depois. Permaneceram 2 horas e 15 minutos no solo lunar, onde coletaram 21,5 kg de material, principalmente rochas e poeira.
O projeto Apollo 11 foi o auge da corrida espacial que EUA e a então União Soviética empreendiam desde a década de 50, como parte da Guerra Fria que opunha os blocos capitalista e comunista surgidos com o fim da 2ª Guerra Mundial, em 1945.
Os três astronautas foram recebidos com entusiasmo após a amerrissagem no Oceano Pacífico. Houve homenagens em todo o mundo. Tornaram-se heróis da humanidade.
Nas artes plásticas, o impressionista francês Claude Monet (1840-1926) retratou o satélite em quadros que são obras-primas. “Em Nascer da Lua sobre o Mar”, o artista encanta o observador com um luar incrível admirado por três pessoas sentadas em um pedregulho à beira-mar.
O francês Jules Verne (1828-1905), escritor consagrado dos primórdios da ficção científica, escreveu “Da Terra à Lua” e “Viagem ao Redor da Lua”, clássicos pioneiros de sua obra visionária.
Foi a Lua que inspirou Georges Méliès (1861-1938), precursor da cinematografia mundial, a realizar, em 1901, “Le voyages dans la Lune” (“Viagem à Lua”, no Brasil). O artista da França inventou a ficção científica no cinema. Até hoje, passados 118 anos, ela continua presente nas produções mundo afora.
O baiano Gilberto Gil, antes até da chegada do homem à Lua, compôs uma das mais singelas e pungentes canções sobre e o futuro do homem, lançada em seu primeiro disco, de 1967.
Se emocione com a letra de “Lunik 9”.
Poetas, seresteiros, namorados, correi
É chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar
Momento histórico
Simples resultado
Do desenvolvimento da ciência viva
Afirmação do homem
Normal, gradativa
Sobre o universo natural
Sei lá que mais
Ah, sim!
Os místicos também
Profetizando em tudo o fim do mundo
E em tudo o início dos tempos do além
Em cada consciência
Em todos os confins
Da nova guerra ouvem-se os clarins
Guerra diferente das tradicionais
Guerra de astronautas nos espaços siderais
E tudo isso em meio às discussões
Muitos palpites, mil opiniões
Um fato só já existe
Que ninguém pode negar
7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, já!
Lá se foi o homem
Conquistar os mundos
Lá se foi
Lá se foi buscando
A esperança que aqui já se foi
Nos jornais, manchetes, sensação
Reportagens, fotos, conclusão:
A lua foi alcançada afinal
Muito bem
Confesso que estou contente também
A mim me resta disso tudo uma tristeza só
Talvez não tenha mais luar
Pra clarear minha canção
O que será do verso sem luar?
O que será do mar
Da flor, do violão?
Tenho pensado tanto, mas nem sei
Poetas, seresteiros, namorados, correi
É chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar