Cultura | 05 de julho de 2021 10:08

Revista Fórum: O gênio João Gilberto reaparece em gravações inéditas na Bahia

Áudios obtidos pelo Instituto Moreira Salles estão em repertório da Rádio Batuta

Por Sergio Torres

A notícia que gravações inéditas do lendário João Gilberto têm sido transmitidas pela Rádio Batuta, mantida pelo Instituto Moreira Salles (IMS), trouxe um alento neste segundo ano de tristezas culturais (não só culturais, é preciso deixar claro) causadas pela terrível pandemia do novo coronavírus.

Informais registros do gênio da música brasileira, morto em julho de 2019 aos 87 anos, são muito raros. Até a discografia do artista pode ser considerada diminuta, levando-se em conta que ele manteve-se ligado à música, em palcos e estúdios, desde a segunda metade dos anos 40 do século passado.

Os registros foram lançadas em junho, mês em que João Gilberto completaria 90 anos de idade. Digital, a emissora pode ser ouvida no link da Rádio Batuta.

O material inédito decorre de três gravações informais, todas na Bahia. Duas em casa do jurista e compositor Carlos Coqueijo (1924-1988), autor, em parceria com o músico Alcyvando Luz (1937-1998), de “É preciso perdoar”, clássico na interpretação de João Gilberto.

Na primeira gravação, em 10 de setembro de 1959, João interpreta 25 canções brasileiras e norte-americana a maior parte delas jamais registradas por ele em discos, algumas com a participação da cantora Astrud Gilberto, com quem se casara.

Em 29 de outubro de 1960, Coqueijo mais uma vez gravou João Gilberto, desta vez acompanhado pelo poeta Vinícius de Moraes (1917-1980) no auditório da Associação Atlética da Bahia. No intervalo das conversas entre Coqueijo e Vinícius, João canta os sucessos “Chega de saudade (Tom Jobim-Vinícius), “O pato” (Jayme Silva-Neuza Teixeira) e “Água de beber (Jobim).

Por fim, a terceira gravação aconteceu, novamente, na residência da família Coqueijo, em 28 de novembro de 1960. Entre as 11 músicas, destaques para algumas que nunca, nem antes nem depois, João gravou comercialmente.

O material agora divulgado pelo IMS permaneceu desconhecido mais de 60 anos. Quem o cedeu foi a pesquisadora Edinha Silva, que o tinha recebido de Aydil, viúva de Carlos Coqueijo.

Para manter o ambiente em que ocorreram as gravações não houve qualquer tipo de alteração nos áudios, que preservam os ruídos externos, conversas, comentários e o coro improvisado dos amigos que assistiam às cantorias.

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