AMAERJ | 14 de julho de 2017 17:45

Revista FÓRUM: Juízes de elite

Turma de 25 magistrados experimentou na prática exercícios de segurança e combate no Bope

POR PEDRO MARQUES

Uma operação malsucedida no Instituto Penal Evaristo de Moraes, que culminou com a morte do diretor do presídio, o major Darcy Bittencourt, na década de 70, foi o estopim para a criação de uma força especial que atuasse em situações de extremo risco no Rio de Janeiro. Em 1978, com o nome Núcleo da Companhia de Operações Especiais (NuCOE), foi criada a primeira tropa de elite da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.

O NuCOE foi formado por policiais voluntários dotados de comprovada integridade moral e que possuíam especializações nas Forças Armadas, como cursos de Operações Especiais, Guerra na Selva e Contraguerrilha (CONGUE). Ao longo dos anos, o grupamento passou por várias mudanças de nome e adotou como símbolo a caveira transpassada por um punhal.

Só em 1991 a tropa recebeu o nome pelo qual hoje é conhecida mundialmente – em especial após o filme “Tropa de Elite”, Urso de Ouro do Festival de Berlim –, Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais). Lançado em 2007, o longa-metragem dirigido por José Padilha se tornou a produção mais vista e comentada da história do cinema brasileiro e serviu para dar destaque à unidade de homens forjados pelo combate urbano em favelas do Rio de Janeiro. O Bope é hoje um dos principais grupos especializados em confronto armado urbano do mundo.

O Rio, neste momento de grave crise econômica e institucional que o afeta particularmente, tem experimentado um aumento substancial nos indicadores de violência nos últimos dois anos. Além de liderar diferentes índices de criminalidade, o Rio também é o Estado com o maior número de magistrados em situação de risco. O Brasil tem, de acordo com o Diagnóstico da Segurança Institucional do Poder Judiciário, mais de 130 magistrados ameaçados.

Diante desses dados, a AMAERJ, em parceria com a Comissão de Segurança Institucional do TJ-RJ (COSEG), idealizou o 1º Treinamento Operacional para Magistrados, ministrado pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais em sua sede, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. Durante o curso, 25 juízes experimentaram na prática exercícios de segurança e combate.

Eles aprenderam diferentes técnicas de segurança: posições de combate; saque de arma; métodos de progressão; avaliação de distâncias; estudo e utilização do terreno urbano; transposição de obstáculos; tiro básico e avançado, deslocamento em carro de passeio e moto e rotas de fuga. O objetivo, evidentemente, não é transformar os juízes em combatentes, mas dar a eles noções importantes de segurança e torná-los atentos e conscientes a questões de segurança que podem lhes salvar a vida, em um caso extremo.

Segundo o juiz Richard Fairclough (diretor de Defesa de Prerrogativas e Direitos dos Magistrados da AMAERJ), coordenador do treinamento, “a ideia é aprimorar a segurança dos magistrados, ensinando a forma correta com que eles devem reagir sob ameaça”.

“Saber medir o risco de uma ação de defesa e entender o melhor procedimento a adotar é essencial para a nossa segurança.” Chefe da Seção de Instrução Especializada do Bope, o capitão Renato Roberto Soares Junior destacou a importância dos ensinamentos. “Queremos dotá-los de conhecimentos necessários para que eles possam se proteger, agindo de forma correta e eficiente. Com isso, não sendo vitimados por marginais em suas rotinas.”

O curso foi realizado em quatro segundas-feiras de junho. Na última aula, dia 26, os magistrados receberam os certificados de conclusão. Presente à formatura, a presidente da AMAERJ, Renata Gil, ressaltou a importância do treinamento e o estreitamento nas relações entre a Polícia Militar e o Judiciário. “Este é um momento especial para nossa associação: o Bope é uma referência mundial. O mais importante deste curso é o fortalecimento institucional.

Fica o meu profundo agradecimento a todos que participaram”, disse Renata. O próximo treinamento do Bope para juízes será na segunda quinzena de novembro. Em agosto, os magistrados terão a oportunidade de participar do Curso de Segurança e Tiro, organizado pela AMAERJ e promovido pela Core (Coordenadoria de Recursos Especiais).

Leia aqui a íntegra da revista Fórum.