Do tamanho de Sergipe, o país oferece atrações turísticas inesquecíveis
Por SERGIO TORRES
As dimensões de Israel enganam o turista. Ao preparar a viagem, de olho no mapa, ele pensa que pode conhecer tudo o que há de importante em quatro ou cinco dias. A realidade o desmente. Há quem diga que Israel é país para uma visita de dez dias ou até mais. Como nem todo mundo pode ficar tanto tempo longe de casa e do trabalho, arrisco-me a dizer que, com uma semana cheia, o turista tem como curtir as principais atrações israelenses.
Com 20,7 mil quilômetros quadrados, equivalente a Sergipe, no Nordeste brasileiro, o território de Israel pode ser percorrido por terra. Para se ter uma ideia, as duas principais cidades do país, a capital Tel Aviv e a mítica Jerusalém, estão distanciadas cerca de 60 km. O trajeto em autoestrada é vencido em menos de uma hora. Às vezes, a depender do trânsito, em 40 minutos.
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As duas cidades são obrigatórias no circuito turístico de Israel. O ideal é começar pela litorânea e cosmopolita Tel Aviv, onde floresceu a arquitetura no estilo Bauhaus. Daí o epíteto “Cidade Branca”.
A orla de Tel Aviv encanta os que apreciam segurança, áreas de lazer e de práticas esportivas e, especialmente, mar limpo. Tudo é organizado. Os bares à beira-mar oferecem comida e bebida a preços em conta e de boa qualidade. Nenhum banhista será extorquido por comerciantes larápios. Bem diferente do que, infelizmente, vemos acontecer no amplo litoral do Brasil.
Sem falar na água despoluída, claríssima. E não se preocupe porque só com muito azar você levará uma bolada ou uma canoa o atropelará em um momento de distração. A prática de esportes aquáticos, como surfe e remo, é limitada a trechos da orla, muito bem sinalizados e respeitados.
Há ainda um incrível calçadão que se estende por toda a costa, por quase dez quilômetros. Espaço para caminhadas sem pressa. Rumo ao norte chegase ao velho porto de Tel Aviv, hoje um complexo de lojas, bares e boates. Ao sul, a partir da região central da cidade, anda-se por cerca de 50 minutos até Jaffa, uma das milenares cidadelas da Terra Santa, onde há um píer repleto de barcos pesqueiros, iates e lanchas diversas.
Jaffa, chamada de Velha Cidade, é uma das atrações clássicas da capital de Israel. Ainda mais se o turista aprecia gatos. Os bichanos estão por toda a parte, das mais variadas raças e tamanhos, com uma docilidade rara. No alto da colina, avista-se o Mediterrâneo e circula-se por vielas seculares preservadas.
Para dentro de Tel Aviv, destaca-se o Bulevar Rothschild, alameda arborizada com prédios no estilo da escola alemã Bauhaus. Tudo muito limpo e seguro.
Da capital o destino pode ser Jerusalém. Não pense que em dois ou três dias você conseguirá percorrer todas as atrações. Não conseguirá mesmo. Portanto, o ideal é ficar, no mínimo, quatro dias, sabendo, de antemão, que não será possível visitar tudo o que é turístico. O turismo religioso e histórico é a marca de Jerusalém. Não há como deixar de se comover ao percorrer os passos da Via Sacra, por onde Jesus Cristo, com a cruz sagrada às costas, caminhou até o Monte Calvário, local de crucificação e agonia.
A Cidade Velha é toda cercada por muralhas erguidas em 1538 e acessadas por oito portões imponentes. Por questões de segurança, há portões que permanecem fechados e outros que não podem ser cruzados em determinados horários.
Os bairros cristão, muçulmano, armênio e judeu formam a Cidade Antiga de Jerusalém. Não há divisão entre eles. Ruas e becos se entrelaçam, em um aglomerado urbano caótico e comercial. Com exceção do bairro armênio, de preponderância residencial, os demais são amontoados de lojas de todos os tipos: bares, vendinhas, restaurantes, barbeiros, açougues, padarias, butiques, agências de turismo, templos, joalherias. Os imóveis não deixam de ser, porém, espaços de moradia. No térreo, o comércio. Nos andares superiores, os lares das famílias de Jerusalém.
O Muro das Lamentações é uma impactante construção (20 metros de altura e 27 metros de largura) venerada pelos judeus, que lotam seus acessos – o principal deles, uma superpoliciada escadaria. O Muro pode ser tocado pelos turistas, desde que os homens tenham na cabeça o tradicional quipá, espécie de touca usada pelos judeus como símbolo do respeito à religião e do temor a Deus.
Há ainda, na velha cidade, a Basílica do Santo Sepulcro, talvez o mais confuso ponto turístico de Jerusalém. O espaço é reduzido para os milhares de visitantes que lotam as dependências do templo. Ali, diz o relato bíblico, Jesus teria sido crucificado, morrido e ressuscitado três dias depois. Para marcar local tão nobre, construiu-se a basílica.
Fora das muralhas, o destaque é o Monte das Oliveiras, que chega a 800 metros de altitude. De cima vislumbra-se uma paisagem única de Jerusalém, especialmente da parte amuralhada.
No Monte, citado pela Bíblia desde o Antigo Testamento, há igrejas, mesquitas, cemitérios. O ideal é subir de carro e descer a pé. No alto, estão a Capela das Ascenção e a Igreja do Pai Nosso, em que a famosa oração católica aparece em mais de 60 línguas, em letras desenhadas em painéis e azulejos nas paredes do saguão externo e dos jardins.
Na parte baixa do Monte, três atrações em sequência: o túmulo da Virgem Maria, local fantástico, um subterrâneo iluminado por candelabros; a Igreja de Todas as Nações, em que uma pedra marca o local exato onde Jesus teria orado antes de preso pelos romanos; e o Jardim de Getsemani, local de romaria de peregrinos.
Israel tem muito mais que isso. Podem ser citados Belém, Galileia, Massada, o Deserto de Negev, Cesareia, Nazaré e o Mar Morto. A qualquer lugar que for, o turista estará satisfeito.