Notícias | 11 de fevereiro de 2015 10:23

O nosso Planeta

* Sidney Hartung

Muito se tem escrito sobre o fato de nosso planeta ter vida própria. Já temos abordado em muitas ocasiões que a ciência vem evoluindo sobre o planeta Terra, considerando que a biosfera e os componentes físicos de nosso planeta, melhor dizendo a atmosfera, hidrosfera e litosfera têm como finalidade a composição de um sistema integrado que conserva suas condições climáticas e biogênicas, o que tem levado a que muitos cientistas, em termos hipotéticos, venham a concluir que o nosso planeta é um organismo vivo. Mas para melhor compreensão deste renovador conhecimento da natureza, devemos nos fixar quanto ao sentido e à finalidade destes elementos que compõem a terra.

Em primeiro lugar, cumpre acentuar que a biosfera é justamente onde se localiza a estrutura da vida em nosso planeta. A ciência a tem compreendido como constituída dos recursos hídricos, a água por evidência, bem como pela grande de força energética vinda do sol e pela interfase, isto é, o processo que envolve os elementos sólidos, líquidos e gasosos.

Para melhor compreensão técnica da biosfera e seus componentes, citaremos a lição de H. Steven Dashefsky que, em sua obra cujo título original é Environmental Literacy, considera a biosfera como “porção de nosso planeta que contém vida. Trata-se de uma porção incrivelmente pequena. Os organismos podem ser encontrados: a) na porção mais baixa da atmosfera (troposfera); b) na camada que fica sobre ou logo abaixo da superfície da terra (litosfera); e c) no interior dos corpos de água (hidrosfera) e nos sedimentos imediatamente abaixo. Com algumas exceções, isso coloca todas as formas de vida poucos centímetros abaixo ou poucas centenas de metros acima de terra e das águas do planeta. As exceções incluem alguns micróbios e células reprodutivas que são ocasionalmente carregados pelas correntes de ar para altas altitudes atmosféricas e algumas formas raras de bactérias que, acredita-se, vivam em reservas de petróleo, quilômetros abaixo da superfície terrestre.”

Feitas estas considerações, de certa forma elas nos orientam para a harmonia entre os quatro elementos essenciais para o sistema, ou seja, terra, água, fogo e ar. E neste aspecto mais se alicerça o entendimento de que a Terra é um planeta vivo. E muito bem vem a calhar a lição de Leonardo Boff, teólogo brasileiro, escritor e professor universitário, que demonstra a aceitação das idéias da Terra como um planeta vivo, tendo nos contemplado com a notável imagem: “A vida não está apenas sobre a Terra e ocupa uma pequena parte dela, a biosfera; a própria Terra, como um todo, se revela como um macro organismo vivo”. Ela possui um equilíbrio tão sutil em seus elementos físico-químicos, como oxigênio e carbono, que somente o ser vivo pode ter.

Da mesma forma a salinização dos oceanos, o regime de chuvas e secas, a direção dos ventos e das correntes marinhas. Tudo forma um sistema de equilíbrio sutilíssimo que perdura e se renova a milhões de anos, tornando as condições gerais propícias para a vida. O que muito bem se extrai da lição de Leonardo Boff é que não se pode considerar exagero quando se afirma que o comportamento do Planeta diante das ações do Homem seria uma reação deste organismo vivo, que bem reflete os males que lhes são causados, por exemplo, pelas excessivas emissões de gás carbônico, desmatamento descontrolado, utilização inadequada do solo, entre outros. É uma lição que não temos o direito de esquecer, porque assim acontecendo vamos exaurir o potencial do nosso planeta e desequilibrar a sua estrutura.

Desembargador Sidney Hartung Buarque

Presidente da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, mestre em Direito Civil, presidente do Conselho Consultivo da Escola Superior de Administração Judiciária (Esaj) e professor titular da Emerj.

Fonte: Monitor Mercantil