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A Justiça recebeu a denúncia do Ministério Público contra o miliciano Danilo Dias Lima, o Tandera, e os políticos que aparecem numa reunião com o paramilitar, além de outros integrantes da quadrilha. Os 17 denunciados foram alvos da Operação Epílogue realizada pela Polícia Civil e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio no último dia 3.
Tandera e seus comparsas foram denunciados por organização criminosa, extorsão, crime contra a economia popular e lavagem de dinheiro. Já os políticos são acusados de organização criminosa. A operação foi deflagrada em endereços ligados ao grupo paramilitar na Zona Oeste do Rio e na Baixada Fluminense para serem cumpridos 13 mandados de prisão — dos quais cinco alvos foram encontrados e um homem foi preso em flagrante ao trocar tiros com policiais — e 25 de busca e apreensão.
Por meio das quebras de sigilo de telefone, o MPRJ teve acesso à gravação de uma reunião entre a alta cúpula da organização criminosa e pré-candidatos à Prefeitura dos municípios de Nova Iguaçu, Queimados e Seropédica para as eleições 2020. Segundo informações da Polícia Civil, estavam na reunião Luciano Henrique Pereira, que foi pré-candidato à prefeitura de Seropédica pelo PL, e Thaianna Cristina Barbosa dos Santos, pré-candidata a prefeitura de Mesquita pelo PSDB. Também estava o ex-deputado Cornélio Ribeiro, que foi pré-candidato pelo PRTB, mas não chegou a concorrer a prefeitura de Nova Iguaçu naquele ano. Os três estão entre os denunciados no caso que foi aceito pelo juiz Richard Robert Fairclough, da 1ª Vara Criminal Especializada da Capital.
Nas imagens anexadas ao processo, vê-se os pré-candidatos sentados próximos. Em um dos momentos é possível ver um fuzil em cima da mesa onde acontece o encontro. Também estavam na reunião os milicianos Tandera e Marcelo Morais dos Santos, o Grande, ambos denunciados. Das dez pessoas que participaram da reunião, seis foram denunciadas pelo MPRJ. Nenhum dos pré-candidatos foi eleito.
Segundo o Ministério Público, os pré-candidatos prometeram Secretarias de Governo, nomeações para cargos públicos, e benefícios em licitações fraudulentas em troca do apoio político em suas campanhas eleitorais. O grupo criminoso, conhecido como “milícia do Tandera”, segundo as investigações, é responsável por extorsões, homicídios, ameaças, grilagem de terras, agiotagem, exploração ilegal de areais, lavagem de dinheiro, entre outros crimes, principalmente nos municípios do Rio de Janeiro, de Nova Iguaçu, Queimados e Seropédica.
Cinco dias depois da operação, o miliciano Rodrigo Cardoso Ferreira, conhecido como Digo, foi preso por policiais civis. Contra ele tinha um mandado de prisão em aberto, que não foi cumprido na ação. Ele era foragido da Justiça pelo crime de organização criminos. Digo é apontado como homem de confiança de Tandera e é investigado por participar da reunião com os pré-candidatos.