A juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza, da Vara de Execuções Penais (VEP), venceu o Prêmio Faz Diferença, na categoria Rio. O anúncio foi feito no sábado (23), no jornal O Globo. Em outubro de 2015, a magistrada foi agredida por detentos no Batalhão Especial Prisional (BEP) durante uma visita de inspeção. Daniela acabou com as regalias e suspendeu temporariamente as visitas íntimas no BEP, em Benfica, que recebia policiais e agentes penitenciários à espera de julgamento. Na categoria Personalidade 2015, a vencedora foi a ministra do STF, Cármen Lúcia.
A 13ª edição do Prêmio Faz Diferença, uma iniciativa do Globo, reconhece o trabalho, a dedicação e o talento de brasileiros, que, nas mais diversas áreas de atuação, serviram de inspiração para o país e o mundo em 2015. A cerimônia de premiação acontecerá em março.
Categoria Rio: DANIELA BARBOSA ASSUMPÇÃO DE SOUZA
Quando iniciou, em agosto passado, uma operação de rotina no Batalhão Especial Prisional, em Benfica, a juíza de Fiscalização da Vara de Execuções Penais (VEP) Daniela Barbosa Assumpção de Souza pretendia apenas fazer o dever de casa. Com o texto da lei na cabeça, Daniela foi separando um a um os objetos que os 221 presos — todos policiais — tinham ou não o direito de usufruir. Ficaram nas celas TVs de 14 polegadas, livros, fotos de família e radinhos de pilha. Foram retirados geladeiras, televisores de 50 polegadas, fornos micro-ondas, celular, dinheiro e, de quebra, mais de dez anos de regalias que valeram à unidade o título de “batalhão das festinhas”.
A resposta dos presos viria na segunda visita, em outubro, quando alguns internos, revoltados com o “enquadramento” feito pela magistrada, ameaçaram agredi-la e a obrigaram a deixar a unidade. O que não imaginavam é que Daniela voltaria em seguida, escoltada pela Bope, para terminar o serviço. O episódio levou o juiz titular da VEP, Eduardo Oberg, a fechar o BEP, por falta de segurança. Por botar em prática a máxima de que “a lei vale para todos”, a juíza Daniela Barbosa conquistou o reconhecimento do público e do júri do Prêmio Faz Diferença, vencendo na categoria Rio.
— É sempre bom ver seu trabalho reconhecido. A sociedade tem cobrado muito que as coisas mudem no país, tem cobrado uma resposta da Justiça. Eu acho que a (minha) escolha foi um pouco isso, a sociedade pedindo a diminuição da impunidade e apostando naquele agente da lei que atua de maneira firme. Vivemos um momento em que as pessoas estão cansadas de ver tantas coisas acontecerem e nada ser feito. Eu costumo dizer que pior do que a impunidade é a sensação de impunidade, a ideia de que nada vai acontecer, que você pode fazer tudo que não vai dar em nada, que alguém dará um jeito. Acho que ninguém mais aguenta isso — opina a magistrada de 44 anos, que cresceu vendo os filmes de Jonh Wayne e era fã da Mulher Maravilha na infância.
Juíza há 13 anos, Daniela Barbosa é reconhecida como uma magistrada linha-dura, comportamento que lhe valeu o apelido de Kate Mahoney, nome da policial que protagonizava a série de TV “Dama de ouro”, sucesso de 1985. Começou a carreira como serventuária em vara de família e logo encarou a chefe do cartório, a quem acusou de receber propina de advogados para agilizar processos. Foi transferida para o gabinete da então juíza criminal Kátia Jangutta, sua referência profissional. Como juíza de Fiscalização do Tribunal Regional Eleitoral, foi responsável pela cassação do ex-prefeito de Teresópolis Mário Tricano, que tinha mais de 20 anotações criminais, mas nenhuma condenação.
Fonte: Amaerj com informações do Globo