O ex-governador do Estado do Rio Anthony Garotinho (1999-2002) foi preso na manhã desta quarta-feira (13) por determinação do juiz da 100ª Zona Eleitoral, Ralph Manhães, que o considerou culpado da acusação de compra de votos em Campos dos Goytacazes, reduto político da família Garotinho, na eleição de 2016.
Policiais federais prenderam o ex-governador, ex-deputado estadual e federal, ex-prefeito de Campos e ex-secretário estadual de Segurança Pública em um intervalo do programa matinal diário que ele comanda na Rádio Tupi, no Rio de Janeiro.
Ralph Manhães determinou que a pena seja cumprida em regime domiciliar, por se tratar de condenação em primeira instância. Garotinho, com tornozeleira eletrônica, será confinado na casa da família, em Campos dos Goytacazes. Não deverá ter acesso a telefone celular e só poderá falar com advogados e parentes, entre eles a deputada federal Clarissa Matheus (PRB-RJ), sua filha.
De acordo com a sentença, Garotinho, então na condição de secretário de Governo da Prefeitura de Campos, distribuiu R$ 11 milhões a 17.500 eleitores em julho e agosto do ano passado, a pretexto de inscrevê-las em um programa de distribuição de renda a pessoas carentes, o Cheque Cidadão. Mulher de Garotinho, a ex-governador Rosinha era a prefeita do município.
O objetivo do grupo político comandado por Garotinho era garantir a eleição do candidato da situação à sucessão de Rosinha, Dr. Chicão, que veio a ser derrotado. Para o Ministério Público Eleitoral e a Polícia Federal, o ex-governador idealizou e controlava o esquema. Batizada de Chequinho, a operação já resultara, em 16 de novembro do ano passado, em uma primeira prisão do ex-governador, acusado de tentar obstruir as investigações.
Nessa ocasião, a AMAERJ emitiu nota de apoio ao juiz Glaucenir de Oliveira, que determinara a prisão. A entidade promoveu ainda um ato de desagravo ao magistrado.
Em agosto deste ano, o presidente do TSE, Gilmar Mendes, negou o pedido de Garotinho de suspensão do trâmite da ação que o responsabilizava por crime eleitoral. Por redes sociais e a imprensa, o ex-governador atacou os juízes Ralph Manhães e Glaucenir de Oliveira, também da 100ª Zona Eleitoral, acusando-os de perseguição e cerceamento de defesa.
Em nota oficial, a AMAERJ contestou as declarações ofensivas de Garotinho. De acordo com a entidade, em nenhum momento a Justiça Eleitoral em Campos dos Goytacazes “decidiu fora dos autos, reduziu o prazo de defesa ou restringiu o direito de defesa de Anthony Garotinho”.