Notícias | 11 de março de 2013 16:31

Em entrevista, presidente do TJ-RJ diz que aposta na valorização dos magistrados

A desembargadora Leila Mariano, presidente do TJ-RJ, afirmou à Revista O Flu, do jornal O Fluminense, que fará uma gestão de diálogo, participação e valorização dos magistrados e servidores. “Queremos a efetividade da jurisdição, criando condições de trabalho para juízes e servidores, a fim de atender aos nove milhões de processos. Faremos uma gestão de diálogo e participação. Apostamos na valorização dos magistrados e servidores com o reconhecimento pelo trabalho e oferta de cursos. Minha administração será proativa, humanística, uma administração transparente e moderna”, disse a magistrada.

Confira a íntegra da reportagem:

Em nome da justiça

Aos 68 anos, a desembargadora Leila Mariano tornou-se a primeira mulher a ocupar a presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Estado do Rio de Janeiro. Com um ritmo intenso de trabalho – desde que assumiu o cargo, sua carga horária começa às 9 horas e nunca termina antes das 22 horas – a magistrada comandará mais de 668 juízes, 81 comarcas, 95 fóruns, 17 mil servidores, cinco mil terceirizados, cinco mil estagiários e um Judiciário com cerca de nove milhões de processos em andamento. Nesta entrevista, ela fala sobre sua trajetória profissional, os projetos e planos para o futuro.

 

COMO A SENHORA SE SENTE COM ESSA CONQUISTA NA SUA CARREIRA?

Me sinto muito honrada. Sei da importância histórica deste momento em que, após 262 anos, uma mulher é empossada na presidência do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro. Ao lado da alegria de ser esta mulher, tenho consciência da responsabilidade que estou assumindo. É quase como um coroamento para o fim da minha carreira. É o reconhecimento pelo esforço de uma Justiça mais humana, que cumpra sua missão institucional.

 

A SENHORA DEEENDE UMA ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL E DE RESULTADOS E DISSE QUE JÁ IDENTIFICOU SEIS.FOCOS ESTRATÉGICOS QUE SERÃO PRIORIDADES EM SUA GESTÃO. QUAIS SÃO ESSES PONTOS E COMO PRETENDE COLOCÁ-LOS EM PRÁTICA?

Queremos a efetividade da jurisdição, criando condições de trabalho para juízes e servidores, a fim de atender aos nove milhões de processos. Faremos uma gestão de diálogo e participação. Apostamos na valorização dos magistrados e servidores com o reconhecimento pelo trabalho e oferta de cursos. Além disso, teremos o aperfeiçoamento da comunicação externa e interna do TJRJ, investimento em tecnologia e a prestação de contas. Minha administração será proativa, humanística, uma administração transparente e moderna.

 

A SENHORA CONQUISTOU UMA CARREIRA DE DESTAQUE NO JUDICIÁRIO. CONTE UM POUCO SOBRE A SUA TRAJETÓRIA.

Me formei em Direito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre e doutoranda pela Universidade Estácio de Sá, especialista em Direito Administrativo e Tributário. Ingressei no Judiciário estadual como servidora em 30 de dezembro de 1969, sempre atuando na área judicial e administrativa. Em 2 de fevereiro de 1979, após aprovação em concurso, fui nomeada juíza de direito e, em 15 de maio de 1997, fui promovida, por merecimento, ao cargo de juiz do Tribunal de Alçada Cível. Com a extinção dos Tribunais de Alçada, fui promovida por antiguidade ao cargo de desembargador e tomei posse no dia 2 de março de 1998.

 

COMO A SENHORA ANALISA O IUDICIÁ-RIO ATUALMENTE?

Hoje, o Judiciário 6 chamado muito por causa da situação das políticas públicas. Eu sempre disse que há morosidade e que O tempo do juiz não é o tempo real. Ele precisa de tempo de reflexão. Só que na época em que eu era juíza nova, a sociedade não tinha voz. E mais, nós não éramos notícia em jornal nenhum. Hoje, nós estamos da primeira página ao caderno de esportes. É realmente a fase do “protagonismo” do Poder Judiciário. A mulher ficou na cozinha durante séculos. Na cozinha, ela não falava, mas ouvia e pensava. Tudo tem que ser pensado. Planejar primeiro e depois agir.

 

E A PARTICIPAÇÃO DA MULHER NA JUSTIÇA? E SEU MAIOR PAPEL NA SOCIEDADE?

Nas carreiras jurídicas, as mulheres estão assumindo uma maioria dos aprovados. Para passar em um concurso público precisa de muita determinação. Na escola (Emerj), a maior parte dos alunos é do sexo feminino. Elas têm filhos, trabalham, mas não faltam, se dedicam, estudam. No início, isso gerava uma certa desconfiança, hoje não é mais assim. As mulheres se tornaram sujeito de suas histórias, ocupando cargos de destaque. As mulheres conseguiram ingressar na faculdade apenas nos 60 e desde então suas conquistas e seus espaços só vêm aumentando. A mulher ficou na cozinha durante séculos. Na cozinha, ela não falava, mas ouvia e pensava. Tudo tem que ser pensado. Planejar primeiro e agir depois.

 

QUAL O CONSELHO QUE A SENHORA DARIA PARA ESSAS MULHERES?

Mantenham sempre a motivação. Acreditem que vocês podem fazer a diferença. Venho trabalhar todos os dias como se fosse o primeiro, sempre! Hoje, encaro muitos desafios que nunca pensei que fosse enfrentar. Mantenham acesa essa chama!

 

CASADA, MÃE DE UMA FILHA E AVÓ DE TRÊS NETOS. SOBRA TEMPO PARA CURTIR A FAMÍLIA? O QUE A SENHORA GOSTA DE FAZER NOS MOMENTOS DE LAZER?

Atualmente, esses momentos têm sido poucos (risos). Mas adoro desenhar para ‘desestressar’, gosto muito dessa parte de trabalhos manuais com cerâmica, gosto de costurar, ir para a cozinha no fim de semana preparar uma comida especial para a família. Também adoro cinema e desfile de moda. Como toda mulher, adoro ir ao shopping fazer compras. Sou vaidosa e mesmo pela profissão procuro estar sempre com o cabelo e as unhas arrumadas. Hoje, por conta da falta de tempo, tenho até que combinar um horário especial com a cabeleireira (risos).

 

SERÃO DOIS ANOS NA PRESIDÊNCIA DO TJRJ (2013/2014). A SENHORA JÁ PLANEJOU O QUE PRETENDE FAZER QUANDO TERMINAR A GESTÃO?

Há seis anos venho organizando minha aposentadoria. Estou fazendo doutorado e defenderei tese sobre a necessidade da formação humanística do magistrado. Quando terminar, vou para Paris. Vou continuar estudando e me dedicando à pesquisa científica. E preciso mesmo aos 70 manter a cabeça de 20. (risos)

Fonte: Assessoria de Imprensa da Amaerj