O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, deixou em aberto a possibilidade de candidatar-se à Presidência da República e disse que é “muito difícil” que continue a ser ministro da Corte até completar 70 anos de idade, quando seria obrigado a se aposentar. Ele afirmou que este não é o momento para pensar no assunto, mas não descartou a hipótese de se lançar ao cargo no futuro. Barbosa deu palestra ontem na 8ª Conferência Global de Jornalismo Investigati-vo, evento organizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abra-ji), no campus da PUC-Rio.
O ministro discursou por cerca de 15 minutos e depois respondeu a perguntas de jornalistas. Barbosa falou sobre a necessidade de uma reforma política e analisou a cobertura da imprensa sobre Poder Judiciário, entre outros assuntos.
— Acho difícil, acho muito difícil — disse ele, que tem 59 anos, quando perguntado se seria ministro até os 70 anos.
— Eu não tenho, no momento, nenhuma intenção de me lançar à Presidência da República. Mas pode ser que no futuro, a médio prazo, eu tenha tempo para pensar sobre isso — acrescentou.
Brincando, Barbosa também cogitou ficar “em uma bela praia” em 2018. Perguntado sobre por qual candidato teria mais simpatia para a disputa à Presidência em 2014, ele foi vago:
— Acho difícil… O quadro político partidário no Brasil não me agrada nem um pouco. Posicionou-se contra o voto obrigatório, a favor das candidaturas avulsas, criticou o excesso “assombroso” de legendas, a “mercantilização” das siglas, e o “coronelismo e mandonismo” na estrutura interna dos partidos.
— O assunto mais premente, mais árduo de todos, é a questão da reforma política. O povo tem sido sistematicamente ignorado, colocado à parte das decisões políticas do nosso país, da nossa polis. É a natureza tortuosa do nosso sistema político, movido por um combustível nada limpo, que é o dinheiro de origem duvidosa, que tem causado a grande de-safeição do cidadão para com a política.
Segundo ele, após as manifestações de junho, houve uma “acomodação”
O presidente do Supremo não quis se aprofundar sobre o julgamento do mensalão, mas afirmou que a análise dos embargos infringentes deverá durar “uns três ou quatro meses”.
Barbosa voltou a atacar a ineficiência do Poder Judiciário. Mas disse estar um “pouco cansado” de falar sobre o assunto, pois trata desse tema cotidianamente.
— Os problemas do Judiciário brasileiro hoje são bastante conhecidos: lentidão, mitigância exacerbada, absoluta falta de compromisso com a mínima funcionalidade. Isso para não deixar de mencionar o academicismo alheio e pomposo que não considera a realidade brasileira.
Barbosa falou a uma plateia de jornalistas sobre a urgência de uma reforma política. 010, por 1.846.036. Além disso, em 2014 o PT estará fortalecido por ter vencido a prefeitura de São Paulo.
Até mesmo no Norte e no Nordeste a situação de Dilma deve ser mais difícil, pois a oposição está mais bem representada em estados como Amazonas, Pernambuco e Bahia.
Nesses três estados, Dilma teve quase seis milhões de votos de diferença a seu favor, o que pode não acontecer em 2014. Desde 1994 a diferença entre o vencedor e os demais contendores tem ficado na base de 5% dos votos no primeiro turno, seja quando FH venceu direto, seja quando as oposições levaram a eleição para o segundo turno.
No segundo turno, fosse qual fosse o candidato, o PSDB teve cerca de 40% de votos, sendo que, em 2010, essa marca subiu para cerca de 45%. Com diferença crucial: em todas as eleições, candidatos adversários como Ciro Gomes e Garotinho aderiram a Lula no segundo turno, contra o PSDB, e, na eleição de 2010, Marina Silva ficou neutra, tendo feito uma campanha que dificilmente poderia ser tachada de oposicionista.
A mudança de postura de Marina desta vez e seu acordo com Campos indicam que os dois estão dispostos a assumir candidatura oposicionista, colocando-se mais próximos do PSDB nas questões econômicas. Ontem Marina disse que a marca do govemo Dilma é o retrocesso na economia e defendeu o tripé econômico dòs governos de FH, mantido por Lula até a saída do ministro Antonio Palocci: equilíbrio fiscal nas contas públicas, câmbio flutuante e metas de inflação.
Segundo a aliada de Campos, a política econômica de Dilma vem sendo praticada “com alguma negligência em função da ansiedade política” A questão é que os dois temem ser tachados de “traidores” de Lula, como já estão sendo tratados pelos petistas. E Dilma vem recuperando sua popularidade em ritmo suficiente para se manter como favorita.
Fonte: O Globo