O olhar detalhista de um artista francês que morou no Brasil no século XIX está em exposição no Rio. Os trabalhos de Debret são uma espécie de presente pelos 450 da cidade. Afinal, ele retratou aspectos da vida carioca cotidiana. A mostra foi aberta nesta quinta-feira (5) no Centro Cultural Correios e ficará aberta ao público até 3 de maio. O Rio, que encanta todas as gerações, é detalhado em 120 aquarelas feitas ao longo dos 15 anos em que o artista francês viveu na Cidade Maravilhosa, entre 1816 e 1831.
Na mostra, é preciso atenção, ou lente de aumento, pra acompanhar o olhar minucioso de Jean Baptiste-Debret nessa viagem pelo tempo.
Debret se mudou para o Brasil para fundar a Escola Nacional de Belas Artes. Mas, por causa da burocracia, a fundação demorou mais de 10 anos. Ele, então, impressionado com a escravidão no Rio, aproveitou esse tempo pra fazer um registro do cotidiano e se tornou o maior cronista da cidade no início do século XIX.
“Através do Debret, a gente pode ver como os escravos também movimentavam o mercado de consumo. Com ganhos suplementares, eles faziam aquisição de serviços e produtos de outros escravos, fazendo assim girar essa roda do comércio”, explica a curadora da exposição, Anna Paola Baptista.
Debret também retratou hábitos e costumes. Não havia mulheres brancas na rua. “Elas aparecem resguardadas do sol, do calor e do exterior – colocando os braços nas janelas para adquirir um produto ou, então, sendo transportadas de cadeirinhas para missa ou para uma procissão, uma festa religiosa”, conta a curadora.
A arquitetura de uma cidade em transformação mostra bicas no Largo da Carioca e o Aqueduto dos Arcos da Lapa. Eram soluções para um problema antigo: já faltava água em 1830.
Nos traços de Debret, um testemunho da história do Brasil, conforme destaca a curadora da mostra Anna Paola. “Eu tendo a pensar ele como uma testemunha ocular da história, que acompanhou e retratou acontecimentos, fatos políticos que transformaram a história do Brasil. Então, a gente pode ver aqui na exposição alguns deles, tais como a aclamação do Dom João VI, depois de D. Pedro I, a chegada de D. Leopoldina, vindo casar com D. Pedro I para ser a primeira imperatriz brasileira e terminando então com a aclamação de D. Pedro II, o imperador menino, com 6 anos de idade, já depois da ida de D. Pedro I de volta pra Portugal”.
A exposição “O Rio de Janeiro de Debret” pode ser vista no Centro Cultural Correios, localizado na Rua Visconde de Itaboraí, 20, no Centro do Rio até o dia 3 de maio de terça a domingo, entre o meio dia e as 19h. A entrada é gratuita.
Fonte: G1