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Agressões a mulheres aumentam em 20% no mês do Carnaval

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Uma ex-funcionária do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) foi vítima de ameaça, cárcere privado e tortura, crimes praticados pelo ex-companheiro, preso pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias, cidade na Baixada Fluminense. Do relacionamento de quase dois anos, sobraram as marcas das agressões: fraturas no rosto e perda de audição. Este é apenas um dos casos de violência de gênero no Brasil, que aumentam em 20% no mês do Carnaval, segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Só no Espírito Santo, houve 170 registros – com 70 agressores presos.

A mulher também era ameaçada por mensagens de celular e já tinha sido agredida outras vezes – em uma delas, um soco atingiu o filho do casal, à época com três meses. A delegada Fernanda Fernandes, da Deam, afirmou que as mensagens são provas dos crimes.

“O agressor, durante as mensagens confirmou os fatos e confirmou sua intenção de matar a vítima. O autor não demonstrou nenhum arrependimento dos crimes praticados. Tem uma personalidade muito agressiva e violenta”, disse a responsável pela investigação.

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Ainda no Carnaval, em Nova Iguaçu, município vizinho a Duque de Caxias, um homem agrediu e ameaçou a mulher por seis horas. Davi Pereira de Souza foi preso em flagrante, na Quarta-feira de Cinzas (6), por violência doméstica e tortura. Ele agrediu a companheira na terça-feira, depois de ler mensagens no celular dela. Ela conseguiu escapar para um matagal, onde se escondeu durante a madrugada.

A titular da Deam de Nova Iguaçu, delegada Mônica Areal, disse que, “durante a sessão de tortura, ele dizia que iria comprar veneno para dar a ela. Ela estava com muita vergonha e se sentindo humilhada por causa do cabelo quase raspado”.

No Sul Fluminense, dois casos chamaram a atenção. Também na quarta-feira, em Angra dos Reis, uma mulher foi esfaqueada na frente da filha de 5 anos. O agressor é o marido, Flávio da Silva Lins, que descumpriu a medida protetiva ao pular o muro da casa da vítima e surpreendê-la. Deidiane de Paula Monteiro dormia com a filha. A sobrinha, de 10 anos, escapou e pediu socorro. Juntos há seis anos, o homem não aceitava o divórcio. Ele fugiu. A vítima está hospitalizada.

Já Maria Edjane de Lima não sobreviveu à agressão a chutes que sofreu do marido, na segunda-feira (4). Grávida, a moradora de Barra Mansa (cidade no Vale do Paraíba) chegou ao hospital com sangramento vaginal. Morreu durante o parto de emergência. A menina nasceu com 27 semanas de gestação e está internada na UTI neonatal. O marido, Oberdan Gonçalves Braga, foi preso.

Estatísticas

Por hora, 536 mulheres são agredidas no país, segundo a organização não-governamental (ONG) Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O levantamento mostrou que são 12.864 vítimas diárias no país, 2.124.
Mais da metade das 2.084 entrevistadas pelo Instituto Datafolha (52%), autor da pesquisa encomendada pela ONG, não procurou ajuda. Apenas 10% registraram em delegacias da Mulher, 8% procuraram delegacias comuns e 5% acionaram o 190, da Polícia Militar. As violências, em 76,4% dos casos, são cometidas por conhecidos. Cônjuges estão no topo da lista de agressores (23,9%), seguidos de ex-cônjuges (15,2%) e pais (7,2%).

Em 2017, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), vinculada à ONU (Organização das Nações Unidas), apontou que o Brasil registrou 40% dos feminicídios cometidos em 23 países da América Latina e Caribe.