Notícias | 06 de julho de 2018 11:40

Projeto ajuda na ressocialização de presos em Resende

Praça em Resende foi reformada pelos presidiários

Em Resende, município do Sul Fluminense, um projeto está dando novas oportunidades a 25 apenados do regime semiaberto da Cadeia Pública de Resende. Uma parceria entre a Prefeitura e a Justiça locais, por meio de um projeto social, ofereceu trabalho na reforma de praças e escolas.

O projeto Ressocialização de Amor foi apresentado há cerca de quatro meses pela Fundação Santa Cabrini ao prefeito Diogo Balieiro Diniz (PSD), ao diretor do presídio, Eliel Ogawa Júnior, e ao juiz da 1ª Vara Cível da cidade e diretor do Fórum, Marvin Ramos Rodrigues Moreira.

Leia também: Justiça nega prorrogação de prazo para climatização dos ônibus no Rio
Romário tem quatro carros penhorados pela Justiça do Rio
‘Será um orgulho trabalhar pela união da classe’, diz nova presidente da AMAERJ Niterói

“O presídio foi inaugurado ano passado e chegaram presos dos regimes fechado e semiaberto. Em um levantamento, vimos que cerca de 90% dos presos são da região (Resende, Porto Real, Itatiaia, Barra Mansa e Volta Redonda)”, explicou o juiz, que também comentou o processo de escolha.

“Foi feita uma triagem para identificar quem era mais adequado aos trabalhos e quem já teve experiência com obras. Os selecionados já atuaram como pedreiros, eletricistas, mecânicos, ou seja, são capacitados para a tarefa”, afirmou.

A Justiça cumpre a Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84), que prevê a redução da pena em um dia a cada três trabalhados. A Prefeitura entra com transporte, alimentação, fiscalização e outros subsídios para as obras e os presos.

Nova rotina

As reformas começaram esta semana, na segunda-feira (2). A nova rotina deles começa às 7h, quando são transportados até o local, e termina às 18h, momento em que retornam à cadeia. Em todo o momento, são acompanhados por um dos dez voluntários do projeto social Impacto de Amor, que atua junto à Fundação Santa Cabrini com a Prefeitura e a Justiça nesse projeto. Ao longo das horas trabalhadas, eles recebem outro auxílio fundamental nesse período, como explica Wilkie Almeida, coordenador do Impacto.

“Percebemos que o principal problema, com a maioria deles, é a desestruturação da família. Então, temos conversado individualmente para ajudá-los a tratar essas questões e fazê-los vencer esses obstáculos. Nossa intenção não é apenas ressocializar, mas ajudar a remoldar o caráter em cada etapa.”

Preso trabalha na reforma de escola

O primeiro canteiro de obras foi uma praça no bairro Montese, na segunda-feira (2), onde eles capinaram, recolheram folhas e pintaram canteiros, bancos e o meio-fio. A segunda obra, já maior, começou na terça-feira (3) e o alvo é a Escola Municipal Roberto Silveira, no bairro Paraíso. A reforma tem previsão de duração de dois meses, período em que o colégio será ampliado e sofrerá a troca de piso e forro, será pintada, entre outros.

Mesmo nesse breve tempo, Wilkie, que comemorou seu aniversário com eles na quarta-feira (4),  já percebeu a diferença. “Eles me disseram que querem que o projeto dê certo. Sabemos que o sistema é excludente, mas quando tratamos a pessoa com amor e respeito, ajudamos a vê-lo o futuro de forma diferente, mais positiva”, afirmou.

O juiz Marvin relembra o papel da Justiça nesse projeto. “Temos que pensar como queremos que essas pessoas retornem ao convívio com a sociedade. A ressocialização faz a diferença na vida dos presos porque os fazem enxergar possibilidades além do crime”, sustentou ele.